Este Post poderia ter como título "As contradições do capitalismo moderno", onde todos querem cada vez ganhar mais, consumir muito de forma voraz e irresponsável e ... pagar cada vez menos por produtos". A conta não fecha.
O crescimento anual do PIB da China é fantástico, mas ao mesmo tempo preocupante: ocorreu de forma muito concentrada e acelerada nos últimos dez anos.
Segundo empresários brasileiros, é arriscado manter todo o investimento em produção centralizado na China, quando o ideal seria investir-se mais em produtos nacionais.
O ponto de vista é interessante e nos faz refletir: qual será o futuro que nos espera?
”Um determinado produto, enquanto no Brasil fabrica-se um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões deste mesmo produto… A qualidade já é bem melhor, e certamente eles tem tecnologia para aumentá-la cada vez mais. E a velocidade de reação é impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas… Com preços que são uma fração dos praticados aqui. Uma das fábricas está de mudança para o interior da China, pois os salários da região onde está instalada são considerados altos demais: 100 dólares… Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo, que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares. Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios, estamos perante uma escravidão amarela. Hora extra? Na China…? Esqueça!!! O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que não vão receber nada por isso…
Atrás dessa “postura” está a grande armadilha chinesa. Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia “de poder” para ganhar o mercado ocidental. Os chineses estão tirando proveito da atitude dos ‘marqueteiros’ ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela “agrega de valor”: a marca.
Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos um produto “made in USA“. É tudo “made in China“, com rótulo americano. As empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares… Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço. Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas táticas e tecnologias, criando unidades produtivas de alta performance, para dominar no longo prazo.
Enquanto as grandes potências mercadológicas ficam com as marcas, os “designs” e as grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo, estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais. Em breve não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados pelo mundo ocidental. Só na China. Então, num futuro próximo, veremos os chineses aumentando os seus preços, gerando um “choque de manufatura”, como aconteceu com o petróleo nos anos 70. Então, o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se ao poderio chinês. Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo. Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado, pois quem tem o monopólio da produção é quem manda. A China possuirá as fábricas, inventários e empregos, e vai regular os mercados . Iremos assistir a uma inversão das regras do jogo atual, que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba atômica… chinesa. Nessa altura em que o mundo ocidental acordar poderá ser muito tarde. Nesse dia, os executivos lembrarão com saudades do tempo em que ganhavam dinheiro comprando “balatinho dos esclavos” chineses, vendendo caro suas “marcas-grifes” aos seus conterrâneos. E então, entristecidos, abrirão suas “marmitas” e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas, pois, foram todas copiadas…. “.
Falamos de produtos chineses, mas poderíamos estar falando de serviços indianos, hoje líderes na área de software pagando $ 1000 por um PHd em Matemática e Computação (não é por acaso que os maiores fabricantes de software do mundo estão na Índia), enquanto que no Brasil um programador iniciante já recebe cerca de $ 1500 mais encargos.
Onde está a ligação da crise econômica que assola o mundo, especialmente a Europa, onde o custo da mão de obra é alto, os benefícios sociais imensos e a produtividade cada vez mais baixa (hoje um Francês trabalha cerca de 34 horas semanais buscando chegar a 30). Será que a ruptura desse modelo não foi causada pela concorrência a que esses países foram submetidos?
O mundo moderno como o conhecemos produzindo riquezas foi baseado em muito trabalho, pleno emprego e consumo. Hoje para os ocidentais ficou o consumo, para os orientais a força de trabalho produtora de riquezas. É lógico que o modelo não se sustenta. A perda de folego da economia chinesa provavelmente está ligada a crise econômica, está faltando consumidores.
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