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sábado, 16 de junho de 2012

FIDC: uma alternativa para turbinar os ganhos na renda fixa


SÃO PAULO – A queda nas taxas de juros tem um impacto imediato nos investimentos de renda fixa. Com isso, os investidores precisam buscar alternativas, ainda que um pouco mais arriscadas, para alcançar uma rentabilidade atrativa daqui em diante. Neste cenário, o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) pode ser uma opção interessante.

“O país vem de um histórico de taxa básica de juros altíssima, então o investidor não precisava se mexer para rentabilizar o portfólio. Para que investir em um crédito privado, que tem mais risco, quando se tinha uma rentabilidade muito alta [com títulos públicos]?”, afirma Beatriz Degani, sócia da Quatá Investimentos, gestora especializada em operações estruturadas. “Agora, com a taxa Selic em um dígito, o investidor vai ter que procurar alternativas para rentabilizar o seu portfólio e incorrer em mais risco.”


Mas o que é um FIDC?

Quem investe em um FIDC está comprando o direito de receber créditos mais adiante com juros. A principal característica do FDIC é que ele precisa ter, no mínimo, 50% do seu patrimônio líquido constituído por direitos creditórios (títulos de crédito originados por operações de instituições financeiras, indústria, varejo, etc)



Isso quer dizer que pelo menos a metade do capital do fundo deve vir de créditos que as instituições têm a receber e que foram transformados em ativos negociáveis, em um processo conhecido como securitização.
Para ficar mais claro: digamos que uma instituição possui uma carteira de crédito a receber, mas precisa se financiar e receber o recurso antes do prazo previsto. Para isso, a empresa pode optar por fazer a securitização da dívida, ou seja, transformar aquela dívida em um papel negociável. Essa dívida devidamente securitizada é o que se chama de direito creditório e que pode ser negociada por meio dos FDICs.


O rendimento de um FIDC pode variar bastante, mas, em geral, esses fundos pagam um prêmio interessante sobre os títulos públicos, um CDB ou um fundo DI. “Uma das principais vantagens deste tipo de fundo é a rentabilidade”, diz a executiva da Quatá Investimentos. Os fundos administrados pela gestora apresentam retornos de 130% a 153% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, a principal referência para investimentos em renda fixa) em seu histórico. Quem investe em CDB de banco grande, por exemplo, dificilmente conseguirá obter mais de 100% do CDI.


Mas esse prêmio só existe porque o FIDC também é mais arriscado. Geralmente, um FIDC que paga 100% deve incluir créditos a receber de pequenas empresas, que oferecem um risco bem maior de inadimplência do que um banco como o Bradesco ou o Itaú. É importante que o investidor também conheça bem tanto o gestor quanto a carteira de créditos que originou o fundo para que haja menor risco de perdas.


Uma dica interessante é que o investidor procure um FIDC bastante diversificado. “É possível que algum dos créditos que compõe o fundo dê default (não tenha o pagamento honrado). Se isso acontece quando você investe em um FIDIC com apenas quatro emissores, o impacto é muito alto, de 25%. Já se o FIDC tiver 4 mil emissores, essa pulverização vai acabar fazendo toda a diferença na mitigação do risco”, ressalta Beatriz.


Ela afirma que todos os fundos administrados pela Quatá têm essa característica de elevada diversificação. Tanto que muitas vezes algum devedor ficou inadimplente, mas nenhum dos fundos gerou prejuízo (quota negativa) ao investidor em nenhum mês desde que foram criados.
Na opinião da executiva, ainda não faz parte da cultura dos investidores brasileiros aceitar perdas com investimentos em crédito. “No mercado de ações, por exemplo, as pessoas aceitam ter perdas maiores. No mercado de crédito, se o fundo cai 1%, o investidor já fica desesperado”, diz. “Mas como um FIDC pode gerar um ganho de 17% ou 18% ao ano, não haveria problema nenhum se em um mês isolado ele tivesse uma perda de 2%. Na conta total, o investidor ainda teria uma rentabilidade bem superior à das outras opções de renda fixa mais conservadoras.”


Outro cuidado importante para o investidor é prestar atenção no rating (classificação de risco, emitida por uma agência especializada) do fundo. Quanto melhor o “rating”, menor o risco de crédito daquela carteira. “De uma maneira geral, este é um bom indicativo para você entender o risco do investimento”, diz  a sócia da Quatá. “Fundos com risco menor tem rating entre A e AAA.”


A grande barreira para a popularização dos FDICs no Brasil ainda é a exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de só permitir esse tipo de investimento a investidores qualificados – ou seja, aqueles que possuem ao menos R$ 300 mil em aplicações financeiras e atestarem essa condição por escrito. Para investir nos fundos da Quatá Investimentos, o investidor precisa ser qualificado, mas a aplicação inicial mínima é bem mais acessível: R$ 25 mil.


Originalmente publicado em Infomoney