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quarta-feira, 13 de junho de 2012

“Estudantes, dediquem-se mais ao COBOL” — palavras de um gerente da IBM


De Orlando, Flórida* — Trabalhar numa grande empresa aparece nos objetivos de muitos leitores do Tecnoblog que se dedicam a computação. Pedro Britto, gerente de vendas da IBM Brasil, conversou sobre o assunto e logo de cara dá um conselho para essa turma: aprendam a programar em COBOL. Britto faz o apelo porque, do ponto de vista da companhia, a linguagem de programação continua como um dos conhecimentos mais buscados nos profissionais ingressando no mercado.

“Parte significativa do desenvolvimento de TI em grandes empresas ainda é feita para mainframe e em COBOL. O estudante multitarefa não está disposto a trocar a sua realidade por uma tela verde.” De acordo com Britto, antes existia propriamente uma barreira de linguagem — é difícil aprender COBOL; essa reclamação é constante. “Existe um preconceito no mercado”, diz.
COBOL: vai encarar?
O executivo ressalta que ao longo dos anos companhias como a IBM produziram soluções para facilitar essa aproximação com a linguagem. Por exemplo, o ambiente Eclipsefacilita o desenvolvimento tanto para o temido COBOL como para Java.
Numa visita recente a Ribeirão Preto (SP) fiquei sabendo que por lá a busca por profissionais que sabem Java é inferior ao que se verifica em São Paulo. Segundo Britto, isso se deve à atuação de algumas empresas que criam verdadeiros polos regionais de tecnologia para atenderem sua demanda. Ainda de acordo com o executivo, os estudantes também devem estar atentos a essas tendências no momento em que decidem por uma ou outra especialização.
Britto afirma que o TI vai mudar o mundo e dá evidências claras disso. Exemplifica com os carros inteligentes: esse tipo de veículo nos modelos topo de linha tem até 100 milhões de linhas de código e mais de cem processadores. No entanto, a maior parte do software embarcado nesses veículos vem de fora. “Quando o governo fala em investimento no setor automotivo, eu visualizo o software sendo feito por brasileiros especificamente para nossas necessidades.”
O mesmo vale para as cidades inteligentes. Não por acaso, a IBM recentemente trabalhou em conjunto com a prefeitura do Rio de Janeiro na construção do Centro de Operações Rio, um espaço ao qual o prefeito recorre para situações de crises. De lá pode monitorar informações sobre tempo, trânsito, fornecimento dos serviços básicos e ainda se comunicar com centros de pesquisa. “Não existe nenhuma outra empresa no mercado capaz de articular e de resolver a complexidade envolvida no projeto do Centro de Operações Rio.”
A IBM conta com um programa para universitários chamado de Academic Iniciatives. Por meio dele o gigante de software e infraestrutura leva as tecnologias para as escolas. De conhecimento das soluções da empresa, esses estudantes têm mais chances de serem contratados tanto pela IBM — e entrar no time de 25 mil desenvolvedores espalhados pelo mundo — como por empresas clientes da IBM que adotam as soluções da companhia.
Britto confia na capacidade do Brasil de empregar mais profissionais na área. Ele comenta um estatística da qual tomou conhecimento recentemente: “Se formássemos 100 mil profissionais bem capacitados, todos estariam empregados hoje em dia”. Se for em COBOL, pelo que diz, ainda ganhariam muito bem.
A propósito, não é de hoje que a IBM bate na teclado do aprendizado de COBOL. Esta notícia publicada pelo Ztop atesta que, em 2009, a companhia agitava um curso específico sobre a linguagem.
*O editor viajou para a conferência IBM Innovate nos EUA a convite da IBM Brasil.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O que custa mais: corrigir falhas em apliçações Java ou Cobol?

Aumenta a quantidade de software mal projetado no mercado mundial, criando uma série de riscos para as organizações, revela relatório global que analisou 745 aplicações. Esses produtos apresentam problemas de programação que violam as boas práticas de arquitetura e de codificação, contribuindo para elevar o chamado débito técnico, que vem ganhando ampla atenção no mundo corporativo.
O termo débito técnico está sendo utilizado pelo mercado para definir a dívida que as equipes de desenvolvimento assumem quando escolhem uma metodologia mais fácil e rápida para criação de aplicativos. Esse tipo de abordagem pode comprometer a qualidade do software e trazer impacto para as companhias no longo prazo. 

Os especialistas dizem que assim como o saldo negativo em banco exige pagamento com cobrança de juros, a dívida técnica também pode ter custo alto para as corporações. Uma hora ela precisa ser quitada com a correção das linhas dos códigos escritos errados.
A pesquisa das 745 aplicações foi realizada pela Cast Software, desenvolvedora de ferramentas que avalia a solidez de engenharia da arquitetura e codificação de um aplicativo. A empresa analisou programas de 160 companhias de aproximadamente 12 segmentos da economia.
Uma das conclusões do estudo é que o desenvolvimento de programas com códigos de má qualidade é muitas vezes resutado das decisões de negócios de cortar custos. Para reduzir os investimentos dos projetos, as companhias acabam contratando programadores sem muita habilidade.
Outro fator é a pressão em cima da equipe para que as aplicações sejam desenvolvidas rapidamente para cumprir o cronograma dos projetos. O reflexo são programas que causam falhas de sistemas, diminuem o desempenho dos computadores e abrem brecha de segurança para ataques, entre outros problemas. 
Reparar as linhas de código depois que o software está pronto, além de custar muito causa problemas técnicos. Um exemplo histórico de débito técnico foi o “Bug de 2000”, quando muitas aplicações estavam prontas para interpretar os dígitos “00” na virada daquele ano como 1900. 

Organizações em todo o mundo gastaram somas incalculáveis de dinheiro para corrigir os dois dígitos. Muitas das aplicações foram destruídas porque desenvolvedores sabiam que o erro surgiria eventualmente.
Custo da correção
A análise da Cast encontrou 1,8 mil tipos de falhas de desenvolvimento em aplicações escritas em Java EE, Cobol, .Net, C, C + + e outras linguagens de programação. A companhia estima que o custo médio para eliminar os bugs por linha de código é de 3,61 dólares. Esse cálculo se baseia no preço hora de 75 dólares cobrado nos Estados Unidos para correção de erros de software.
Outra constatação da pesquisa da Cast é que corrigir falhas de aplicativos desenvolvidos em Java custa mais. O preço para eliminar bugs desta tecnologia é de 5,42 doláres por linha de código, enquanto o mesmo trabalho na plataforma Cobol sai por 1,26 dólares. 

Bill Curtis, cientista-chefe da Cast, explica que corrigir linhas de código de Cobol custa menos porque a linguagem é mais antiga e os programadores são mais experientes. Por estarem atuando há mais de 30 anos com nessa tecnologia, eles conseguem corrigir falhas críticas mais rapidamente.
Sobre Java, Curtis constata que há muitos profissionais iniciando agora o desenvolvimento nesta linguagem sem formação científica em computação. “Tem uma enorme quantidade de pessoas escrevendo código sem ser guru em engenharia de software", percebe o executivo.
Implicações do débito técnico
O estudo da Cast reforça a necessidade de as companhia entenderem as implicações do débito técnico, informa Carolyn Seaman, professora adjunta de sistemas de informação da Universidade de Maryland, em Baltimore (EUA), e coordenadora de um programa da National Science Foundation sobre esse tema. De acordo com ela, o tema gera preocupação devido ao risco que pode trazer para os negócios.
O instituto de pesquisas Gartner estima que o débito técnico no mercado mundial subirá de 500 bilhões de dólares em 2010 para um trilhão de dólares em poucos anos. Para Carolyn diminuir essa dívida não é tarefa fácil. Ela considera que o maior obstáculo é a incerteza sobre adoção de técnicas de desenvolvimento e abordagens que realmente resultam em maior qualidade de software.
O crescimento do débito técnico está estimulando a criação de um guia de riscos para os negócio informa John Heintz, consultor técnico da Cutter Consortium. Ele diz que esse problema já está sendo tratado como uma questão de due diligence em fusões e aquisições, aumentando a consciência de que o tema está influenciando as práticas de desenvolvimento de software.
Na opinião de Heintz colocar mais atenção sobre o débito técnico não significa que os desenvolvedores não tenham de diminuir gastos para acelerar o desenvolvimento. "Às vezes é apropriado e necessário cortar custos, mas esse fato não pode ser ignorado”, disse ele.
O Software Engineering Institute (SEI) da Universidade Carnegie Mellon, centro de pesquisa financiados pelo pelo Departamento de Defesa dos EUA, está trabalhando a questão do débito técnicos há cerca de dois anos. A instituiçao vem organizando workshops sobre o tema, de acordo com Ipek Ozkaya, membro sênior da equipe técnica.
"Existe interesse crescente neste assunto porque empresas e desenvolvedores querem entender seus fundamentos", afirma Ozkaya. Ele observa a falta de orientação sobre como fazer o levantamento dessa dívida e como quitá-la para evitar implicações futuras.

Procuram-se programadores de mainframe

Antes da chegada dos tablets, smartphones e PCs, os mainframes eram unanimidade no mundo corporativo e esse cenário permaneceu por muitos anos. Mesmo depois que sistemas cliente/servidor surgiram, a tecnologia não foi descartada em algumas verticais, especialmente na de finanças, suportando operações pesadas e críticas. A longevidade dos computadores de grande porte exige uma mão de obra qualificada e cada vez mais escassa, já que poucos jovens são atraídos para os sistemas Cobol processados por essas máquinas.   
"O mainframe está vivo e ainda movimenta a economia global", diz Dayton Semerjian, gerente-geral de mainframes da CA Technologies. Ele observa que 80% das empresas que fazem parte da lista Fortune 500 ainda usam a plataforma.

Mas muitos dos profissionais que trabalham com mainfraime vão se aposentar nos próximos anos, e há indícios de que menos alunos estão interessados em aprender como trabalhar com o sistema. Esse quadro pode levar a escassez de competências na gestão e na manutenção dos computadores de grande porte que rodam tantas aplicações críticas.

A permanência do mainframe na era dos computadores de pequeno porte está baseada em seu desempenho para altos volumes de transações, segurança e virtualização, acredita Semerjian. "A superioridade da plataforma continua inigualável, diz.

Mainframes estão sendo usados para processos centrais de negócios nos serviços financeiros, bancários e cuidados de saúde, diz Paul Vallely, diretor de vendas da Compuware, que oferece aplicativos para essa plataforma. Eles também estão se tornando úteis em computação em nuvem, acrescenta. "O mainframe está se transformando em um servidor de dados gigante para ser capaz de fornecer aplicações em cloud computing."

A busca por pessoas com habilidades para trabalhar com mainframe tem exigido mais esforço das companhias. Uma pesquisa da Compuware com 520 CIOs de grandes empresas constatou que 71% estão preocupadas com a falta de especialistas nessa tecnologia. Eles temem que a escassez de mão de obra capacitada prejudique os negócios e coloque produtividade em risco. 

Além disso, 78% disseram que aplicativos de mainframe continuarão em alta na próxima década. E o preço por não ter recursos de TI é enorme: um minuto de interrupção desses computadores de grande porte pode custar em torno de 14 mil dólares em receitas perdidas para uma companhia média, afirma a Compuware.

A Compuware prevê que 40% dos atuais 2 milhões de programadores Cobol existentes no mercado global, linguagem de programação do mainframe, se aposentem nos próximos anos. A CA Technologies concorda: "os pioneiros do mainframe são os Baby Boomers", diz Semerjian. 

Programadores

“Habilidades de programação são vitais para usar mainframe”, afirma Vallely. Mas isso não é tudo. "Essas tecnologias têm décadas de modificações e complexidades construídas e precisam de programadores experientes para mantê-las funcionando de forma eficaz”, completa. Como resultado, aqueles que desejam trabalhar com mainframes ganham mais do que os que atuam com outras plataformas, assinala.

Mainframes utilizam Cobol e Assembler como linguagem de programação. Mas hoje em dia, as universidades não estão reproduzindo o conhecimento sobre elas, acredita Semerjian. Além disso, os estudantes estão preocupados com a aprendizagem de novas tecnologias, como .Net e Java. "Apesar do fato de que mainframes são essenciais para muitas das grandes empresas, para os programadores mais novos não há tanto burburinho na aprendizagem de programação da plataforma", diz Vallely.

Saidas para eliminar gargalo
Segundo os executivos, apesar da escassez de profissionais na área, universidades olham com atenção o quadro e empresas têm dado ênfase no desenvolvimento de habilidades para trabalhar com mainframe, avalia Vallely.  

CA, Compuware, IBM e outros fabricantes tentam resolver o déficit de competências com programas educacionais e/ou ferramentas. Por exemplo, o CA Mainframe Chorus apresenta uma interface gráfica e captura de conhecimento destinados a modernizar a experiência de mainframe para atrair programadores e também exige menos conhecimento upfront.

A Compuware ajuda clientes com programas de treinamento e oferece serviço pessoal. A companhia também oferece ferramentas como o Xpediter para depuração e análise de aplicações mainframe, bem como o File-Aid para arquivamento, gerenciamento e análise de dados.

A Academic Initiative da IBM para mainframes System Z permite que escolas ensinem sobre a plataforma e auxiliem no desenvolvimento de competências com o objetivo de criar um pool de programadores e engenheiros de mainframe para seus clientes.

Outra abordagem da indústria para lidar com a escassez de talentos com competências em mainframe é mover a tecnologia para sistemas operacionais modernos. Por exemplo, o z/OS da IBM não é mais o único quando se trata de sistemas operacionais da companhia para mainframe. 

Agora, eles podem executar o Linux OS. O analista da consultoria IDC Jean Bozman diz que, a partir de sua última análise do mercado, em 2009, identificou que 30% de todos os mainframes System Z foram comprados com sistema Linux.