Quando empreendedores franceses decidiram lançar uma moderna nova escola para desenvolvedores de software em março, intuíram que o projeto daria certo. Mas até mesmo eles ficaram estarrecidos com a popularidade da empreitada. Há 50.000 inscrições para 1.000 vagas com início em agosto para um curso de três anos.
A França tem uma discrepância vocacional. O desemprego chegou a 10,6%, um pico de quatorze anos. Para as pessoas com menos de 25 anos a taxa é de 26%. Ainda assim, de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Francesa de Editoras de Software e Soluções de Internet, 72% das empresas de software estão tendo dificuldade em recrutar profissionais – e o mesmo acontece com 91% daqueles que procuram engenheiros e desenvolvedores de software. Tais frustrações incentivaram Xavier Niel, o bilionário fundador da Iliad, uma empresa de banda larga, e seus companheiros de negócios a criar uma nova escola – a qual diverge radicalmente do sistema educacional francês, centralizado e estatizado. Ela é financiada privadamente – Niel está investindo US$ 92 milhões – mas será gratuita para os estudantes. Ela não concederá aos formandos um diploma reconhecido pelo estado e os candidatos não precisam de qualificação formal alguma, embora o material alerte aos pretendentes o fato de que terão que “trabalhar duro”.
A escola terá instalações à la Google bem no centro de Paris em um prédio ainda em construção que é conhecido como “Coração de Código”, o qual ficará aberto dia e noite. O seu nome, “42”, é a “resposta para todas as questões mais importantes da vida, do universo e de tudo mais” no clássico (inglês) de ficção científica “O Guia do Mochileiro das Galáxias”. Quando a nova escola foi divulgada em meio a uma grande empolgação, o Le Monde elegantemente a descreveu como “estranha”.