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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Transformação Digital, o caminho da nova cobrança

Vivemos sob o impacto de uma economia desestruturada. Cambaleante. A realidade brasileira hoje é de 35.000.000 de desempregados e 85.000.000 de inadimplentes. A quantidade de ativos a serem cobrados é cada vez maior e o numero de pessoas em condição de pagar as suas dividas cada vez menor. Os custos de uma agência de cobrança são cada vez maiores. O caminho a ser trilhada é o da transformação digital. Quantos sabem do que estamos realmente falando. Seria isso mandar um SMS ou Whatsapp para o cliente? É claro que não. Precisamos inovar muito. Em processos. Em sistemas. Precismos criar novos paradigmas, porque se continuarmos com os não tem solução. 

Recomendo a leitura de um artigo de minha autoria no link ao lado: https://collbusinessnews.com.br/transformacao-digital/

sábado, 21 de março de 2015

Inovação

Estamos em 2015, e algumas empresas fornecedoras de software ainda alardeiam que suas soluções dão carga neste ou naquele layout (Eu chamo de interface EDI), está integrada com este ou aquele discador, portador de SMS, carta...

Ninguém discute performance, estabilidade, capacidade de armazenamento, engenhos de busca, Processos ... ou como fazer determinada coisa com um número mínimo de clicks.... cloud ...

Que mesmice!!! dos fornecedores e dos tomadores de serviços...

Penso que a Indústria de Cobrança precisa de um choque urgente de INOVAÇÃO....

Luciano Basile
i-Coll Soluções Telemática e OMNICOLL Soluções Integradas
+55 21 993374896- Whatsapp, Viber
Skype: luciano.basile

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Inovação e aprendizado continuo

Na China, a busca pela inovação segue um caminho peculiar. No Ocidente, a concepção e o lançamento de um produto são muitas vezes precedidos de uma exaustiva análise de mercado.

Na China, é comum as empresas lançarem produtos inacabados - quem vai apontar os pontos fracos e ajudar a aprimorá-los são os consumidores. É uma situação impensável na maioria dos países ocidentais, onde consumidores conscientes de seus direitos certamente recorrerão à Justiça para reaver o dinheiro gasto na compra de produtos de má qualidade. Essa prática chinesa de lançar produtos e aperfeiçoa-os com base no feedback dos consumidores ganhou dos executivos ocidentais o nome de "inovação pela comercialização".

Mas pensando bem, nada muito diferente do que a Microsoft faz, usando os consumidores para testar seus produtos, e depois lançar correções e novas versões.

sábado, 13 de julho de 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

10% dos sistemas corporativos estarão na nuvem até 2015



Se o armazenamento, servidores e até mesmo
 desktops estão migrando para a nuvem, sistemas de segurança não seria uma exceção. Previsões do Gartner para esse setor, indicam que uma em cada dez empresas estarão processando os recursos de segurança em cloud computing até 2015.

Com foco especial em áreas como segurança de e-mail, gateways, vulnerabilidades remotas e gerenciamento de acesso de identidade (IAM), o Gartner espera que este mercado alcance uma receita global de 4,2 bilhões de dólares em 2016.
"É grande a demanda de empresas por serviços de segurança baseados na nuvem para enfrentar a escassez de mão de obra especializada, reduzir custos ou cumprir as normas regulatórias de forma rápida e facilmente", explica Eric Ahlm, diretor de pesquisas do Gartner. 
O analista destaca que a mudança no comportamento de compra das aplicações de segurança para modelos de entrega baseados em nuvem oferece oportunidades para os fornecedores de tecnologia e serviços. Ele afirma que os que tiverem que melhores capacidades de fornecimento de soluções em nuvem têm chances de fazerem bons negócios. Já os que não têm essas capacidades precisam agir rapidamente para se adaptar a esta ameaça competitiva. 
Uma outra pesquisa do Gartner publicada em janeiro passado confirmou que os gastos com serviços de segurança em nuvem aumentará significativamente nos próximos 12 meses. De acordo com estudo, 74% dos executivos e gestores de segurança entrevistados em todo o mundo estão pedindo prioridade no aumento de soluções para segurança de e-mail em nuvem.
Outra área que deverá experimentar um crescimento substancial com oferta de serviços na nuvem é o gerenciamento de eventos de informação. No entanto, muitos clientes no segmento empresarial continuam cautelosos sobre a entrega de informações confidenciais para os provedores de nuvem, algo que será fundamental para superar a relutância das organizações mais tradicionais.
Além disso, 27% dos entrevistados indicaram que estavam considerando a implantação de autenticação de tokens como serviço em nuvem. O Gartner acredita que fatores como medidas para conformidade com o Payment CardIndustry Data Security Standard (PCI DSS) exigido pelas administradorasa de cartão de crédito para transações eletrônicas, por exemplo, estão dirigindo a maior parte do crescimento do interesse na segurança de tokens como serviço. 
A segurança de token como serviço permite que as ermpresas transfiram deixem de armazenar em seus datas centers internos informações de identificação pessoal ou outros dados confidenciais. O serviço permite que organizações migrem para nuvem sistemas de compliance no âmbito do PCI.

Em resumo: Se você ainda não está na nuvem, tenho certeza que estará em no máximo 2 anos. Talvez você não saiba como, nem porque. Mas estará. Algumas empresas tem projetos bem elaborados, a maior parte não tem nem projeto. Mas serão levadas de alguma forma a esta nova frontera do mundo de negócios. Quem resistir, protelar, poderá não ter tempo para reagir. 
Luciano Basile
 

sábado, 9 de junho de 2012

Menino de 17 anos cria busca que concorre com o Google



Nicholas Schiefer disse que as buscas na internet são ´a parte realmente aparente da inteligência artificial`
São Paulo - O estudante canadense Nicholas Benjamin Schiefer foi vencedor em ciências da computação no Intel Foundation Young Scientist, prêmio para jovens cientistas. O jovem, que tem apenas 17 anos, desenvolveu um sistema de buscas novo, baseado em redes sociais como Twitter e Facebook.
Em entrevista ao Wall Street Journal, por Skype, Schiefer explica que estudou o que é chamado de "micro-search", pesquisas online que relacionam pequenos dados.
No caso de posts do Facebook e tweets, o algoritmo desenvolvido pelo jovem é capaz de conectar palavras-chaves de sistemas como o Google com os conteúdos limitados das redes sociais, otimizando a busca.
Vindo de Ontário, no Canadá, Nicholas Schiefer disse que se interessa por computação desde os 7 anos, quando tinha terminado os livros da saga Harry Potter, e que as buscas na internet são "a parte realmente aparente da inteligência artificial". O jovem pretende agora fazer com que seu algoritmo funcione de forma rápida e efetiva.
Schiefer ganhou o prêmio junto com Jack Andraka, que criou um método 28 vezes mais rápido de detectar câncer, e  Ari Dyckovsky, que investigou o "teletransporte quântico".

sábado, 2 de junho de 2012

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) fechou acordo com a universidade para lançar um programa de apoio aos empresários.


A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) assinaram hoje (31/05) uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP) para lançar o Programa de Extensão Tecnológica Fiesp-Ciesp-Senai e do Curso de Aperfeiçoamento em Gestão da Inovação nas Empresas da Agência USP de Inovação Tecnológica.


O objetivo é fomentar o desenvolvimento tecnológico dentro das empresas, propiciando capacitação, financiamento, análise e estruturação dos projetos até sua implantação. A parceria envolve três programas. Um para atender 240 empresas de diversos setores, em seis regiões do estado; outro para 400 empresas do setor de petróleo e gás de dez regiões; e o terceiro, voltado a empresários de todas as áreas, com duração de oito meses e 500 vagas.

De acordo com o vice-presidente da Fiesp, João Guilherme Sabino Ometto, ações como essa ajudam a combater a desindustrialização do País, pois reúnem conhecimento, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, o resultado da iniciativa, em geral, são produtos com mais qualidade, de menor custo e mais aceitação por parte do consumidor.

“Isso agrega valor aos produtos e melhora a oportunidade de exportar, de competir no mercado interno e criar emprego de melhor qualidade, porque quando o produto tem conteúdo tecnológico maior e de mais inovação, muitas vezes conquista espaços que fazem com que a empresa invista mais e contrate mais gente”.

Ometto destacou que as empresas estão dispostas a investir nesses projetos porque há muita competição das empresas nacionais com as internacionais, porque há países que estão investindo muito mais do que o Brasil, conquistando espaços e aproveitando crescimento de mercados de outros países. 

“O mercado do Brasil cresceu muito porque aumentou a renda dos brasileiros durante a última década. As pessoas estão comprando mais produtos e se o empresário brasileiro não investir em fazer produtos que o mercado está desejando, os produtos virão de fora”.

A parceria começa com a utilização da rede da Fiesp e do Ciesp em todo o estado, com a capacitação de todas as diretorias em regiões importantes para, no futuro, elaborar um plano de gestão e inovação. O presidente em exercício do Ciesp, Rafael Cervone Neto, ressaltou que o empresário não é resistente à inovação, mas o ambiente dentro das empresas é muito agressivo, com uma série de barreiras para o crescimento.
*Com informações da Agência Brasil

sábado, 19 de maio de 2012

Made in China: os segredos da inovação xing-ling

É comum os ocidentais alegarem que a inovação chinesa é contraditória. De fato, a prática de "copiar e melhorar" fica no meio do caminho entre inovação e pirataria. Em resposta a essas acusações, os chineses afirmam - embora um pouco ironicamente - que o aluno deve primeiro aprender a copiar o trabalho do mestre antes de desenvolver seu próprio estilo. Afinal, se você não tem muito talento, precisa começar por algum lugar.
O grande crescimento da competitividade da China nos setores ferroviário, de construção naval e até de aviação surpreendeu alguns observadores ocidentais. Menos de uma década atrás, por exemplo, o sistema ferroviário chinês era totalmente inadequado. Hoje, há no país mais quilômetros de linhas ferroviárias de alta velocidade do que na Europa, assim como os trens comerciais mais rápidos do mundo.
No entanto, apesar do aumento considerável de sua produção de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em alguns setores, a China ainda carece de pesquisa básica e inovação radical. Mesmo assim, há um forte desejo do povo chinês em experimentar os benefícios das tecnologias inovadoras criadas no Ocidente. O fenômeno do "eu também" é um forte incentivo no desenvolvimento de novos produtos.
china xing ling 
 Imagem: Thinkstock/Colagem (divulgação)

Nesse contexto, exitem quatro características interessantes sobre a maneira como os chineses inovam e pensam em tecnologia:
Testes no local, não no laboratório
Os equipamentos da empresa Han's Laser são um bom exemplo. Usados em aplicações como a personalização de botões, marcação de teclados de computador, etc., ela não podia testar seus produtos na própria empresa.
Assim, no começo de suas atividades, enviava um técnico ao cliente por vários meses, produzindo um relatório diário de desempenho da máquina. Quando surgiam problemas, o técnico de campo trabalhava junto à equipe de P&D na sede para encontrar soluções imediatas. Essas melhorias eram incorporadas às próximas versões da máquina. Entre 1996 e 1999, a empresa fez mais de três mil melhorias em seus equipamentos.
Testes feitos no local transformaram a fábrica do cliente em um laboratório de pesquisa, reduziram o tempo de colocação do produto no mercado e melhoraram o fluxo de caixa da Han's Laser. Quando um novo modelo era lançado, já incorporava as necessidades específicas do cliente.
Inovação com foco nos custos
Quando a China International Marine Containers (CIMC) importou uma linha de produção da Alemanha no início da década de 1990, tinha uma capacidade de 10 mil contêineres por ano. Ao longo dos cinco anos seguintes, técnicos da CIMC fizeram mudanças no processo de fabricação, aplicando tecnologias emprestadas do setor automobilístico.
Até 1996, a produção tinha aumentado vinte vezes e a CIMC era líder mundial em volume, fabricando praticamente um em cada cinco novos contêineres no mundo. Em 1997, a empresa criou seu próprio centro de P&D. Como resultado, aumentou sua capacidade, tornando-se mais rentável.
Características e funções customizadas às exigências locais
Consumidores chineses usam seus telefones móveis para inúmeros propósitos, como assistir televisão. Assim, fabricantes de celulares na China oferecem aparelhos com alto-falantes para a reprodução de áudio ou para falar em locais barulhentos. Os telefones, além de serem disponibilizados pela metade do preço dos oferecidos pelas fabricantes tradicionais, também fornecem recursos para atender às necessidades específicas dos consumidores locais.
A Haier, fabricante de eletrodomésticos, é outro exemplo da customização local. Quando um cliente da província chinesa de Sichuan se queixou de que sua máquina de lavar vivia quebrando, técnicos encontraram seu encanamento entupido de lama. Descobriu-se que muitos estavam usando as máquinas de lavar Haier para limpar batata-doce e amendoim.
Em vez de avisar aos clientes sobre o que não se deve lavar nas máquinas, os engenheiros da Haier modificaram-nas para acomodar as necessidades dos clientes. A partir de então, máquinas de lavar Haier vendidas em Sichuan contêm o aviso: "Principalmente para lavar roupas, batata doce e amendoim".
A estratégia da Haier de atender à demanda do mercado local e externo com modelos inovadores resultou em cerca de 96 categorias de produtos e 15 mil especificações. Executivos da Haier dizem que esses tipos de inovações são baratas, mas muito valorizados pelos clientes.
Inovação rápida de produto
A qualidade mais importante que caracteriza a tecnologia chinesa é a rapidez com que as empresas apresentam produtos ao mercado. Por exemplo, antes dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, operadoras de telefonia celular chinesas produziram novos modelos que lembravam o icônico estádio "Ninho de Pássaro" e o Centro Aquático Nacional "Cubo d'Água". Só em 2007, a operadora Tianyu produziu mais de 100 novos modelos.
Pensado para o futuro
Por que as empresas chinesas abordam a inovação de forma não-convencional? Por necessidade, simplesmente. Como não têm os mesmos orçamentos de pesquisa de seus concorrentes, utilizam estratégias precisas e ultradinâmicas. Do mesmo modo, sem uma identidade de marca para proteger, elas não têm nada a temer ao permitir que o cliente teste o produto. As empresas acabam ganhando e também perdendo mas, no ambiente de mercado em constante mutação na China, esse método ágil é muito eficaz e – mais importante – eficiente.
Porém, há uma desvantagem nessa abordagem. Na medida em que as empresas chinesas amadurecem, vão querer desenvolver marcas reconhecidas globalmente. A fim de inovar, como a Apple, o Google e outras empresas altamente criativas, a China deve investir mais pró-ativamente em P&D, o que, consequentemente, exige a proteção dos direitos de propriedade intelectual.
Nesse meio tempo, seria prudente que outras multinacionais tomassem nota das técnicas de inovação para mercados de massa adotadas pelas empresas chinesas. A China, que até outro dia contratava organizações estrangeiras para construir sua rede ferroviária de alta velocidade, agora concorre à licitação para contratos ferroviários nos Estados Unidos e está aumentando suas exportações de tecnologia ferroviária de alta velocidade para Europa e América Latina. É bom ficar de olhos neles...
Winter Nie é professora de Gestão de Operações e Serviços no IMD, uma das principais escolas de negócios do mundo, sediada em Lausanne, Suíça. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Inovação

“A inovação é mais que uma ótima idéia ou casualidade, é um processo baseado em visão, missão, plano de negócios e execução.” Andy Cohen

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Qual é a importância do design na administração?



Vez por outra, a natureza nos arrebata. Uma paisagem transcendental nos ascende. Nossa emoção se eleva comovente diante de um cenário natural, ou até na contemplação de uma foto exuberante. A natureza tem essa capacidade de nos arrepiar com sua estética sublime. Por outro lado, um objeto também consegue nos impactar. Um produto de tecnologia de ponta fascina multidões. Filas se formam nas lojas da Apple nos dias dos lançamentos dos equipamentos que acendem a imaginação.


Um psicólogo simpático dizia que o mundo poderia ser dividido entre dois conceitos: o natural em oposição ao artificial. O que não é natureza, é artificial. Não fosse um ganhador de um Nobel de Economia, talvez o pensamento não fosse levado tão a sério. Herbert A. Simon, conquistou seu laurel com suas teorias sobre tomada de decisões, que está na alma dos negócios da economia e da administração. Simon disse em 1947 que existem três elementos sequenciais no processo da tomada de decisão pelo cérebro: inteligência, design e escolha, nessa ordem. Desde que conheci as teorias de Simon, fico assombrado pela reverência com que é tratado e quão frequente é citado. O best-seller de 2009 "How we decide", de Jonah Lehrer, cita-o logo na introdução, chamando-o de brilhante.
O pensamento de Simon é uma visão bastante radical sobre o significado das palavras que conhecemos. Quando as pessoas pensam na palavra design, elas associam-na a outras palavras: estética, acessórios de luxo, tecnologia, coisas mais caras. Design portanto parece ser uma coisa especial. Design não é uma coisa, é um processo, com início, meio e fim, e depois com um novo início de um processo interativo que não deveria acabar nunca. As pessoas percebem somente o final de cada etapa do processo quando surge a "coisa" que chama a atenção e que tem um valor diferenciado.
Na nossa vida diária existem tanto a natureza como todas as manifestações artificiais do homem realizadas através do design. Todos os sistemas organizados em códigos são expressões da criatividade humana através do processo do design. Engenharia, arquitetura, medicina, música, matemática, marketing, economia ou administração são disciplinas construídas pelo design. Essa é a resposta à indagação do título do artigo sobre a importância do design para a economia, para as finanças, para a administração, para o mercado. Sem design, não existiria qualquer tipo de mercado, nem administração. Simples assim.
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Imagem: Thinkstock

Pensar no simples ou fazer o simples é uma tarefa complexa. Quem administra sabe que simplificar é muito complicado. Uma das missões do design é simplificar operações e energia mental. Nessa última década, o design vem sendo reconhecido pelos autores e pelos executivos. Tom Peters afirmou enfaticamente que o design é a própria alma da nova empresa. No seu pensamento, ele cita o onipresente Steve Jobs que, por sua vez, dizia que o design não é uma aparência, mas "a própria alma fundamental de uma criação humana". Peters também disse, no livro Reimagine!, que "devemos convidar os designers, como Dieter Rams da Braun, para se sentarem do lado direito do CEO na mesa do conselho". Foi o que Jobs fez com o designer Jonathan Ive na Apple. Peters é um fanático por design de produtos, mas acredita que o design é até mais importante para as empresas de serviço.
Falando sobre alma, Lee Green, vice-presidente de Valor e Experiência de Marca Global da IBM, disse em 2008 que é um erro tratar o design como um assunto racional em vez de um assunto com alma. "O erro mais idiota é ver o design como algo que você faz no final de um processo para arrumar uma confusão. Deveria ser o contrário, desde o primeiro dia e fazendo parte de tudo".
Falando sobre mesa do conselho, o educador e psicólogo Richard Farson disse, também em 2008: "São os próximos 50 anos que vão determinar a sobrevivência da nossa civilização. Nós só teremos sucesso se o design se tornar a disciplina para organizar o futuro. Isso só acontecerá quando os designers tornarem-se os líderes. O mundo precisa [hoje] do que os designers têm para oferecer, não apenas na prancheta, mas no conselho de administração."
Para exemplificar que as autoridades percebem o valor do design como processo, vamos nos lembrar de janeiro de 2006, quando o design foi uma das estrelas do Fórum Econômico Mundial em Davos. A mais alta elite econômica e política pôde aproveitar de 22 sessões de Inovação, Criatividade e Design Estratégico, mostrando um sinal do crescente reconhecimento do design na economia. Analisando o evento, o International Herald Tribune dizia que "o mundo desenvolvido está adotando o design como uma arma letal na batalha contra a competição por produtos baratos vindos da China, que, como outros países em desenvolvimento, está construindo novas escolas de design para a luta pelo futuro". Em outras palavras, design já é percebido como uma ferramenta de ataque ou de defesa de países.
O interesse sobre o design está realmente crescendo, até no Brasil. Entre os participantes dos meus dois últimos cursos intensivos de design thinking haviam 12 profissões diferentes que iam de psicólogos a advogados, com diversos empreendedores. No curso atual de design thinking da pós-graduação de Design Estratégico da ESPM-RJ, uma profissional de administração me solicitou material sobre a "importância do design na administração de uma empresa". Qual é o significado desse interesse mais amplo pelo design? Significa que as pessoas estão inquietas e insatisfeitas com as suas próprias profissões e estão procurando novas opções de ferramentas ou metodologias para resoluções de problemas.
De onde essas pessoas vêm? Ainda não sei responder porque estou me concientizando disso há pouco tempo. Porém, percebo claramente que elas vêm por recomendações de pessoas próximas, pessoas nas quais elas confiam. Uma profissional liberal que participou ativa e colaborativamente de um curso intensivo de design thinking, inscreveu-se porque o filho dela havia sido meu aluno e me recomendou à mãe. Hoje, assim como o filho, ela é uma entusiasta do design thinking.
Esse artigo foi motivado pela Renata, minha aluna que é uma administradora e que desejava entender a interação real entre design e administração. É compreensivo que as pessoas ainda não entendam a amplitude do significado da palavra "design", principalmente as que trabalham na área das disciplinas técnicas ou racionais. Isso está mudando e cada vez mais os administradores percebem o valor do design. A.G.Lafley, Chairman, Presidente e CEO da Procter & Gamble, em 2008, no livro "The Game-Changer" disse claramente que "o design thinking era o ingrediente que estava faltando em nossa missão de atingir o crescimento orgânico superior. Ele permite que nossas equipes reflitam e tomem decisões de forma criativa sobre as ideias de produto e novos modelos de negócio."
Quando Lafley reconhece o valor do design thinking para a gestão dele, ele não quer se referir somente aos novos produtos criados. No livro, Lafley se refere aos novos modelos de negócios surgidos quando se pensa e age mais criativa e colaborativamente. Refere-se também aos processos internos da Procter & Gamble. Além de contratar fornecedores especializados em design para tarefas específicas, Lafley contratou 150 designers seniors para espalhá-los pelos diversos departamentos da P&G. O significado disso é que o departamento de contabilidade ganha muito com um design thinker interno ajudando as pessoas a trabalhar de forma transdisciplinar.
As palavras são assim mesmo. Elas surgem e evolutivamente vão construindo significado próprio. Vejamos a palavra "tecnologia". Se você fizer uma rápida busca, vai descobrir que palavra tecnologia praticamente não existia até a década dos 50 do século XX. Obviamente a tecnologia existia bem antes disso, mas somente há 60 anos atrás dedicamos plena atenção à ela. O cientista Kevin Kelly fez uma pesquisa e descobriu que a verdadeira primeira aparição da palavra foi em 1829 e demorou ser aceita. Em 2009, durante uma palestra do TED, Kelly disse que alguns bandos primitivos de humanos com ferramentas muito simples de pedra foram capazes de extinguir 250 espécies de animais da megafauna norte-americana, há 10 mil anos atrás. Quando ele fala de animais da megafauna, se refere a animais de grande porte, individualmente mais poderosos que os humanos da época. Mesmo naquela realidade distante, o design primitivo interferiu na evolução do planeta. E continua interferindo até hoje. Alguns cientistas afirmam que sem o design de instrumentos, a raça humana não teria sobrevivido às outras espécies fisicamente mais bem adaptadas ao meio ambiente.
Com a palavra "design" aconteceu o mesmo processo. Mesmo sem muita gente entendendo o seu significado, o design vem sendo praticado, para extinguir a fauna ou para resolver problemas objetivos. Hoje em dia, o design thinking vem sendo ensinado nas escolas de administração como uma metodologia de resolução de problemas complexos. Os wicked problems são aqueles problemas nos quais os dados variáveis não param de variar atrapalhando as análises dos administradores. Roger Martin é o reitor da Rotman Management School de Toronto, uma reconhecida escola que ensina a metodologia do design para seus alunos de administração. Em uma entrevista para a revista Fast Company em abril de 2005, disse que "as empresas tradicionais recompensam dois tipos de lógica: indutiva e dedutiva. Os designers combinam o raciocínio indutivo e dedutivo para criar uma abordagem nova, o pensamento abdutivo: uma sugestão que algo pode existir se explorarmos a possibilidade. Ao invés de agir sobre o que é certo, os designers apostam no que é provável."
O livro "Adapte-se ou Morra" editado pelos responsáveis da revista de negócios Fast Company foi lançado no Brasil em 2010. O livro dedica um capítulo à "revolução do design" e reconhece que a palavra design não costuma ser associada aos negócios, aos serviços e à satisfação dos clientes. As pessoas não relacionam design com inovação ou à vantagem competitiva. Mas elas deveriam. Para os editores, "o design é uma nova forma de pensar sobre como lideramos, como gerenciamos, criamos e forjamos relacionamentos com as pessoas para as quais venderemos". Uma das regras oferecidas aos leitores diz que "o design será o próximo campo de batalha das empresas pela vantagem competitiva".
Tenho receio que o leitor ainda esteja compreendendo a palavra design da forma tradicional. Talvez o leitor já entenda que os produtos produzidos com um design elaborado tenham mais valor. Me permitam estender essa percepção, que é correta, mas ainda é muito parcial. O design é uma ferramenta para construir sistemas simbólicos que geram produtos ou serviços. O design thinking tem a capacidade de transformar, para melhor, qualquer tipo de serviço. Em uma sala de operação dentro de um hospital, não só os equipamentos cirúrgicos foram projetados através do design, como o próprio processo da operação foi elaborado através de procedimentos sistemáticos de design. Fora da sala de operação, o design thinking pode ajudar as enfermeiras a criar um novo procedimento padrão para a transmissão de informação entre os plantões. Assim como pode ajudar à administração do hospital a otimizar o uso dos elevadores, ou elaborar novos possibilidades para a circulação de alimentos.
Agora, vamos trazer para o presente recente o reconhecimento da importância do design thinking aplicado na administração.
No outro lado do mundo, em Taiwan, o presidente Jonney Shih da Asustek Computer, em 11 de abril de 2012, assumiu publicamente que terá que aliar a força da sua engenharia com mais design thinking, a fim de competir com outros países na era do cloud computing. "Nesta nova era da computação, tecnologia não é suficiente", disse Shih. Ele admitiu, em um painel de discussão sobre tecnologia, que "talvez Taiwan tenha sido deixada para trás por alguns outros países avançados, como Estados Unidos, Japão e Alemanha. Além disso, Taiwan precisa desenvolver o design thinking incorporando beleza, arte e experiência do usuário, o que vai levar tempo e esforço", disse um otimista Shih que acredita na rápida capacidade oriental de adaptação à realidade.
O burburinho causado pelo lançamento do protótipo do "Taxi de Amanhã" no New York International Auto Show de 2012 demonstra o interesse apaixonado de muitos nova-iorquinos com a sua cidade e seu espaço público. O que torna tão significativa a apresentação do novo taxi da cidade com muitas melhorias para passageiro e motorista, foi a parceria improvável entre a comunidade de táxis (NYC Taxi e a Limousine Commission) com a comunidade de design (o Design Trust for Public Space e o Smithsonian's Cooper-Hewitt National Design Museum) com o fabricante Nissan. O artigo publicado no New York Observer em 16 de abril de 2012 também diz que "o design thinking foi a cola que uniu os muitos interessados para resolver problemas complexos e capturar a imaginação coletiva da cidade". O artigo elogia a administração Bloomberg por capacitar seus funcionários para inovar e incentivá-los para apropriar-se de projetos que, historicamente, tem sido considerados impossíveis ou intratáveis. Em resumo, design thinking resolve problemas da cidade e produz votos de eleitores.
Na CeBIT de março de 2012, os alemães mostraram os processos inovadores das empresas e das universidades nos quais a tecnologia avança com multidisciplinaridade. No Instituto Hasso-Plattner de Design, o Centro de Inovação da SAP em Potsdam trabalha em conjunto com várias start-ups e estudantes universitários de várias disciplinas para pensar os rumos do futuro. Hasso Platner, um dos fundadores da SAP, é o financiador do prédio dedicado ao design thinking em Stanford, na Califórnia. Com essa experiência, a SAP criou seu centro de pesquisas próprio. Ulrich Weinberg, diretor da escola de design thinking do instituto, diz que os projetos desenvolvidos em equipes cooperativas envolvem 36 professores e 122 estudantes de 75 disciplinas diferentes e 65 universidades. Weinberg diz mais, que "hoje em dia, muitos sistemas educacionais incentivam as pessoas a cumprir sozinhas seus deveres. Porém, quando chegamos ao mercado de trabalho, esperam que saibamos funcionar bem em equipe, e nem sempre é fácil. O design thinking estimula a troca de ideias e não é um processo linear". Um desses projetos, o HANA Oncolyzer, aplicativo que detecta a probabilidade de uma pessoa sofrer de câncer, foi apresentado à presidente Dilma Rousseff na feira CeBIT.
Já no Brasil, a jornalista Barbara Gancia informa que, nesse 25 de abril de 2012, aconteceu o "Freedom Day", a celebração da data que levou Mandela ao poder. No Instituto Tomie Ohtake, o Consulado da África do Sul aproveitou para lançar o livro "Reflexões e Oportunidades. Design, Cidades e Copa do Mundo". A autora do livro estava presente. Zahira Asmal, uma urbanista que se especializou no impacto que megaeventos geram nas grandes cidades, falou sobre a experiência de construir uma linha de metrô que dará acesso fácil aos estádios. O design thinking que ela pratica propõe que não prevaleça apenas a vontade de engenheiros e agentes públicos, mas também sejam ouvidos historiadores, antropólogos, técnicos do terceiro setor, economistas, sociólogos, juristas, enfim, uma gama de especialistas, para que eles avaliem como o projeto resistirá à passagem do tempo.
Alguns administradores apostam nisso, como Kun-Hee Lee, presidente e CEO da Samsung. Lee acredita que "os patrimônios mais importantes de uma empresa são o seu design e outras capacidades criativas." Já Peter Drucker disse que "o objetivo da empresa é criar um cliente. A empresa possui duas e apenas duas funções básicas: marketing e inovação. Marketing e inovação produzem resultados, todo o resto são custos."
Isso não é contraditório, já que não existe qualquer tipo de marketing ou inovação sem a prática do design. O mundo já acredita que design é essencial para qualquer empresas ou administração. Quanto mais profundo e estratégico for, mais resultados práticos a empresa conquistará. Falta o Brasil acreditar e aproveitar as mentes criativas que existem por aqui.

sábado, 17 de março de 2012

Software inovador converterá linguagem de sinais em texto






Imagine por um instante que você não consiga compreender uma palavra do que seus amigos dizem numa conversa, que aquele filme sem legendas não está fazendo qualquer sentido ou que então praticamente nada da sua aula favorita está entrando na sua cabeça.
Estes são desafios básicos, cotidianos, de quem tem incapacidades auditivas. Tal qual um outro idioma qualquer, especialmente durante a infância e a adolescência, o aprendizado da linguagem de sinais é um investimento que leva tempo e que frequentemente se choca com um mundo onde este idioma é minoria.
As coisas se complicam ainda mais quando uma pessoa não nasce com tais dificuldades, mas sim as adquire ao longo da vida, talvez até quando adultos. Se incluirmos expressões populares, maneirismos e gírias de cada região, pode-se adicionar algumas camadas a mais de dificuldade. Nem sempre é possível “ler” o mundo em letras quando o som falta.


"Fantástico!" em inglês britânico (sinais)


Pesquisadores da Universidade de Aberdeen (Escócia) pretendem mudar isso, e rápido. Eles tem trabalhado em um programa de computador com enormes potenciais para revolucionar o modo com que pessoas com necessidades auditivas especiais interagem com o seu redor.


O software se chama PSLT (Tradutor Portátil de Linguagem de Sinais) e é baseado no idioma BSL (Linguagem Britânica de Sinais) – sim, cada país tem a sua. No Brasil ela é conhecida como LIBRAS.


O que torna o projeto especialmente inovador é o fato de que o PSLT poderá ser instalado virtualmente em qualquer dispositivo que tenha uma câmera, incluindo smartphones, tablets, netbooks e laptops.


Além disso, o projeto permitirá que o usuário possa criar seus próprios sinais, customizando novas palavras e expressões à sua maneira e assim permitir que a linguagem de sinais possa evoluir com a mesma velocidade que a linguagem sonora, onde novos termos e expressões são criados enquanto você termina de ler este texto.


É justamente este aspecto de personalização desta nova tecnologia que a aponta para um novo momento social para deficientes auditivos. E mesmo tendo a linguagem de sinais evoluído imensamente nas últimas décadas, ainda me lembro de como uma ex-namorada minha (professora de BST) enfrentava dificuldades das mais simples ao interagir com pessoas ‘analfabetas’ em seu idioma.


Deste cenário, que muitas vezes ainda prevalece, espera-se que ao interagirmos uns com os outros, bastará que uma pessoa gesticule para a câmera de nossos smartphones para que assim possamos compreende-la completamente. Tanto em texto quanto em voz (TTS), além de todas as nuances, gírias e peculiariedades de sua expressão.


O PSLT é aguardado ansiosamente pelo mundo para o final de 2013.
Com informações: PSLT. A imagem da ilustração foi produzida com o aplicativo Cinemagr.am para iPhone a partir do Dicionário de BSL da SignStation

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Conceito de inovação aberta acelera projetos

Diferente do modelo que reúne pesquisa, desenvolvimento e comercialização de produtos por conta própria, assumindo os riscos de uma iniciativa inovadora, indústria, universidade e governo unem-se para colocar os projetos em prática. Esse é o princípio da inovação aberta, que enfatiza a importância do uso de conhecimento externo para melhorar o desempenho do processo, capaz ainda de acelerar e reduzir o custo do desenvolvimento.

Essa é a bandeira do Centro de Open Innovation – Brasil (click aqui). Criado em 2009, a instituição atua com inovação aberta e surgiu da iniciativa de Henry Chesbrough, autor do livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology. Ele é o criador de um conceito chamado Hélice Tríplice, que prega que para estabelecer inovação é preciso integrar ações do governo, indústria e universidade.

Desde que surgiu, entre os objetivos do centro estão disseminação de boas práticas de inovação aberta no País, incentivo à pesquisa acadêmica e colaboração com outros centros do mundo. 

“Quem aposta em um ecossistema propício às relações e à cooperação tem mais chances de ser bem-sucedido no processo”, afirma o diretor do centro, Bruno Rondani.

De acordo com Rondani, esse modelo deve ser baseado em redes que podem incluir centros de pesquisa, clientes, fornecedores, startups e até mesmo concorrentes. “As companhias têm-se movimentado nesse sentido. O próprio Open Innovation já conta com a participação de cerca de 130 entidades, entre elas, aproximadamente 50% de empresas, 30% de governo e 20% de universidades”, diz.

O executivo afirma que esse é um modelo que tem crescido. “Muitas empresas já perceberam que o pulo do gato é a colaboração”, pontua. Os investimentos em recursos humanos que antes se restringiam ao quadro de funcionários ganham reforços com a colaboração de talentos de fora da organização. 

Roldani explica que o papel do Open Innovation não é só o de fomentar a união dos setores, mas também de promover a capacitação. “No ano passado, formamos 77 gestores de inovação, que passaram a conhecer modelos de negócios, questões financeiras etc. Fazemos com que eles entendam qual é o papel do gestor para que ele esteja preparado para atuar na área e viabilizar novidades ao mercado”, diz.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Inovar é sempre o diferencial

Inovação. A palavra que virou regra na maioria das empresas de sucesso mostra que seu status de extremamente importante não é por acaso. Ela se transformou no impulsionador do desenvolvimento humano. Mas se engana quem pensa que, para inovar, basta apenas ser criativo. De acordo com o consultor e pesquisador Mark Johnson "o processo criativo não é apenas ter a ideia. O mais importante é o modo como essas ideias tomam forma através do processo de inovação".
Com uma bagagem acumulada de experiências em assessoria para centenas de empresas de diversos segmentos na área de inovação, Mark Johnson – co-fundador com Clayton Christensen da Innosight, uma consultoria de inovação estratégica que abrange vários países – explica à revista Administradores como as companhias podem prever, criar e gerenciar a inovação para alavancar seus negócios.
Às vezes aparecem inovações tão espetaculares que ninguém sabe o que fazer com elas. Você cita os MP3 players, que eram bonitos e revolucionários, mas não eram práticos porque era difícil colocar músicas neles. Como se supera essa Maldição do Inovador – que é quando você inventa algo que está muito à frente do seu tempo?
Foto: Lola Studios 
mark johnson - www.administradores.com.br
"Inovar é sempre o diferencial"

Outro exemplo que eu gosto de citar nesse caso é o SegWay, que é algo incrível e com muita tecnologia embarcada, mas que não tinha foco em um mercado, não se sabia o que ele deveria realizar. Então, sua aplicação começou a definhar e ele foi relegado a armazéns e estacionamentos.
Entendo que se você é um empreendedor e tem uma ideia nova, essa confusão pode acontecer. Mas, se você é uma empresa, precisa combinar essa invenção com um profundo conhecimento sobre o mercado, sobre que tarefa o consumidor está tentando realizar. E, então, precisa adaptar sua inovação a essa necessidade não-satisfeita.
No caso do SegWay, eu procuraria um tipo de tarefa para a qual esse tipo de veículo se encaixasse perfeitamente – e que, no momento, não estava sendo atendida – em vez de simplesmente tentar vendê-lo para todo mundo. Aconteceu que, em muitos locais, surgiram restrições ao seu uso nas calçadas por medo de acidentes.
Eles deveriam ter começado buscando nichos de mercado nos quais a realização da tarefa estivesse mal atendida – como em armazéns, guias turísticos e patrulhamento. Você precisa adaptar a proposta do produto a essas necessidades. Se você tem algo realmente novo, você precisa entender como isso é importante naquela tarefa.
No caso dos MP3 players, não basta dar aos usuários a possibilidade de customizar a música que querem ouvir. Tem que ser simples de usar, senão o consumo de massa não emplaca. Inovações disruptivas precisam ser simples e ir adicionando funcionalidades com o tempo. Focar em um nicho e entender sua importância naquelas tarefas, manter a simplicidade nesse mercado inicial e trabalhar o seu crescimento dali para cima.
Com o SegWay, não houve pesquisa de mercado. Eles não sabiam que tarefa as pessoas "contratariam" o produto para realizar. Nem sempre você tem uma oportunidade e sai procurando a tecnologia para encaixar. Às vezes você inventa a tecnologia, como o avião híbrido¹ e simplesmente não sabe o que fazer com isso.
Você serviu na Marinha no início da sua carreira. Como você lida com a inovação em organizações nas quais tudo parece ser tão rígido e controlado por hierarquias e burocracia? Como fazer a inovação brotar em tais ambientes?
É interessante porque, quando você pensa em uma organização, deve considerar suas finalidades principais, assim como na criação de novas operações. Essa criação apoia-se em descobrir e aprender, e isso precisa ser separado. Quando falamos em novos mercados ou novas tecnologias – seja no mundo corporativo ou de defesa – você precisa se reinventar ou acaba tornando-se uma commodity.
Entrar em novos espaços competitivos requer um novo time. Este novo time ainda faz parte da antiga organização, pois compartilha recursos, conhecimento e know-how. Então, é preciso haver colaboração. Mas o time precisa ser autônomo, pois o conjunto de regras, normas e métricas deve ser modificado para permitir o seu funcionamento. Algumas precisam ser relaxadas.
A alta gestão precisa permitir que esse novo time crie suas próprias regras, normas e métricas, apropriadas ao novo empreendimento. Então, é preciso ter um novo time de gestão, apoiado pela alta direção da empresa e que possa operar segundo suas próprias regras. Parte disso será descoberto pelo caminho, em vez de planejado antecipadamente.
Deve-se estar aberto a isso para permitir que o modelo evolua. É preciso reconhecer as diferenças entre o novo mercado e o atual. Entender que as margens não serão tão boas, mas que se pode vender mais quantidade. E que, com os custos reduzidos, o lucro não precisa ser tão alto. Uma nova cadeia de valor, novos fornecedores, novos distribuidores. Muda-se a operação e a forma de ganhar dinheiro.
Mas isso também vale para empresas sem fins lucrativos ou do governo, lembrando que nesses casos não há coisas como spin-offs?
Sabe, nos Estados Unidos nós tivemos esse tipo de movimento. Tínhamos o Núcleo de Aviação que se transformou na Aeronáutica. Criamos as Operações Especiais para as tarefas que a organização principal não poderia fazer. Então, os militares fazem spin-offs de fato, só que tem outro nome. Mas operam de forma diferente. Então, não podem estar dentro da mesma unidade do Exército.
É preciso considerar sempre que estão realizando um tipo de trabalho diferente da organização principal. As missões são diferentes. Então, você pode fazer a analogia entre os objetivos: lucro ou missões. Os Rangers (tropa de elite do Exército americano) mostram o seu valor e satisfazem o seu cliente quando completam uma missão com sucesso.
Então, é importante, mesmo para o Exército, ter a capacidade de atuar em times de inovação, na criação de outras unidades que possam trabalhar juntas de forma diferente. Equipes com regras de combate diferentes, missões diferentes. E cabe ao líder da organização identificar que tais inovações não podem funcionar dentro da rigidez do atual modelo, e garantir que o novo grupo tenha os recursos necessários.
Voltando para as empresas, algumas delas criam produtos revolucionários para nichos específicos em países emergentes. Você acha que esses produtos farão o caminho inverso e também serão um sucesso nos mercados mais ricos?
Há um padrão para acreditar que sim. O mercado automobilístico dos Estados Unidos foi abalado pela chegada da Toyota, com o Corona, que era um carro simples e de baixo custo. Embora os americanos dissessem que gostavam de automóveis grandes e sofisticados, a Toyota encontrou um mercado que efetivamente tinha interesse na sua proposta.
Então, a partir desse mercado, a Toyota foi subindo: do Corona veio o Corolla, depois o Lexus e assim por diante, até o mercado de luxo. Depois, veio a coreana Hyundai e repetiu o processo com a própria Toyota. E, agora, os chineses estão trazendo o Cherry e a Tata vem com o Nano.
Mas o Nano será um problema na Índia porque eles pretendem substituir as scooters. Só que lá eles não têm ruas asfaltadas. É tudo muito esburacado e, em breve, não haverá onde estacionar os carros. Então, é bem provável que eles venham para o Brasil, para a China, a Indonésia e, depois, para os Estados Unidos.
Em um artigo recente, você escreveu que "ter uma mente aberta talvez seja o bem mais valioso que alguém pode trazer para um mercado emergente". Você falou bastante sobre pesquisa, sobre estar aberto a novas ideias. O que mais é importante para ser um grande inovador?
Quando você está criando coisas novas, transformando mercados – além de ter a mente aberta – você precisa ser ousado, ter uma visão ambiciosa. Você também precisa pensar de forma holística. Tem que ter uma visão sistêmica dos negócios. Veja o que Shai Agassi² fez em Israel. Ele não apenas pensou na tecnologia da bateria para os automóveis, mas precisou pensar em toda a rede de trocas, no software que indicava ao motorista aonde ele deveria ir.
Ele transpôs o problema da autonomia do carro com uma solução que não envolvia apenas a bateria. E, como o "combustível" era mais barato – permitindo uma margem melhor – ele poderia subsidiar a compra dos carros para atrair outro público, de menor renda. Isso só pode ser feito se ele pensar em diferentes maneiras de ganhar dinheiro. Não é só uma questão de pensar no modelo de negócio ou na tecnologia. Ele precisou falar com o governo, mudar algumas políticas.
Outro exemplo interessante que eu costumo citar é o de Thomas Edison. Ele não inventou apenas a lâmpada. Ele criou todo um sistema de transmissão, geradores e tudo o mais. Ele também fez análises de custo para perceber que precisava usar menos cobre nas lâmpadas para baratear o produto. Mas isso significava usar uma voltagem mais alta. Isso é raciocínio sistêmico.
Você não pode pensar nos componentes isoladamente. Você precisa pensar de forma integrada, assim como o Steve Jobs fez ao perceber que o problema dos MP3 players estava na forma como se comprava as músicas.
E o raciocínio sistêmico é uma característica comum hoje em dia? Quando as pessoas levam suas ideias para você na Innosight, o pensamento holístico vem junto?
Não muito. Está um pouco melhor do que antes de a bolha de 1999 estourar. Hoje os investidores já dizem: "Olha, não vamos lhe financiar enquanto você não me mostrar de onde virá o dinheiro". Mas continua sendo muito difícil para as pessoas estruturar a parte financeira de uma inovação, seja um produto ou um serviço. A inovação financeira é particularmente difícil, pois as atuais regras de negócio têm uma rigidez própria.
Como se motiva as pessoas para serem criativas? Como cria um ambiente que favoreça a inovação?
Algumas pessoas são mais criativas que outras. Algumas são mais orientadas para a descoberta, outras para a execução. Ambas são necessárias. Então, as empresas precisam ter formas de identificar quem é quem porque nem todo mundo fica confortável com a ambiguidade de uma tarefa criativa, ou o pragmatismo da execução.
A outra coisa é entender que o processo criativo não é apenas ter a ideia. O mais importante é o modo como essas ideias tomam forma através do processo de inovação. Os departamentos de Marketing e Finanças avaliam a ideia para saber se é algo que não vai funcionar, ou se pode se desenvolver da maneira correta.
Vamos tomar o processo legislativo americano como exemplo. Alguém vem com uma ideia sobre uma nova lei, que será revista por seus pares. Então, vêm os pedidos de alterações, as concessões, os interesses dos lobistas. Ocorre aí que o resultado final fica completamente diferente da ideia original.
O mesmo acontece com as inovações. O pessoal de finanças pede para você aumentar a margem de lucro, o de desenvolvimento pede para que ele fique mais atrativo para os engenheiros. Através desse processo, a ideia é mudada.
Resumindo: precisamos de pessoas criativas para trazer as novas ideias; de uma estrutura independente, para que a inovação tenha um desenvolvimento mais natural; e, finalmente, de um CEO que incentive a inovação, permitindo que pessoas trabalhem nela com dedicação exclusiva, em vez de precisar ficar dividindo o seu tempo com outras obrigações.
Então, de certa forma, o objetivo é proteger as ideias inovadoras?
Sim, porque a ideia não para nela mesma. Ela é só o início. Ela evolui, se desdobra e se desenvolve. Esse processo precisa ser protegido das interferências externas. Veja o Facebook, que teve várias pessoas envolvidas no processo. Um sugeriu que se chamasse Facebook, outro que não fosse restrito a um ambiente universitário. Ele passou por muitas transformações antes de ser o Facebook. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O diferencial da inovação para micro e pequenas empresas


brasileiro é reconhecidamente um povo empreendedor criativo. Essas duas características têm contribuído para que as iniciativas empresariais se multipliquem em nosso país, especialmente a partir da criação de micro e pequenas empresas. Apesar de hoje em dia uma série de fatores contribuir para o fortalecimento e consolidação dos empreendimentos, como é o caso do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições (o Simples Nacional), que facilitou e barateou a formalização dos negócios, segue sendo um grandedesafio manter as empresas de pequeno porte abertas saudáveis.
Afinal, não basta ao empreendedor ter competência no seu negócio, boa capacidade administrativa e produtos ou serviços com boa penetração no mercado. É preciso ir além do básico. Nesse sentido, investir em inovação – seja para os produtos e serviços, na gestão, nas abordagens dos negócios, nos processos ou no uso de tecnologias – é um grande diferencial, que pode transformar a existência de uma empresa.
Por suas próprias características, as ideias, iniciativas, produtos e serviços inovadores tendem a ser valorizados pelo sua capacidade de oferecer novidade, diferenciação, originalidade, exclusividade, praticidade ou agilidade aos processos. A inovação abre portas e mercados, ajuda a ampliar o potencial das empresas e é reconhecida como um indicativo de modernidadeatualidade para as empresas.
Muitas vezes podemos imaginar que inovar custa caro. Isto pode até ser verdade em alguns casos, mas aplicar uma ideia inovadora pode, às vezes, não custar nada. Nesse sentido, inovar é saber usar a criatividade de modo a melhorar processos, sistemas e abordagens que têm potencial de valorizar o trabalho, ampliar resultados, simplificar procedimento ou, até, transformar produtos ou serviços oferecidos em bens únicos, que certamente serão cobiçados pelo público-alvo do empreendimento.
Para ser inovador não basta, também, apenas ser criativo. A pessoa precisa investir em adquirir conhecimentos, se preparar, estudar e manter-se sempre antenado em tudo o que acontece a sua volta. Quem se mantém atento e está preparado a perceber detalhes em tudo amplia seu potencial de desenvolver inovações. Além disso, o uso e domínio das novas tecnologiascontribui enormemente para a criação de soluções inovadoras.
Muitas vezes a inovação surge no modo como um gestor e sua empresa abordam o mercado. Enxergar nichos de atuação que ainda não sejam explorados é uma forma muito eficiente de inovar. Propor formas diferentes para o uso de produtos ou serviços já conhecidos é outro modo de colocar a inovação em prática. É por isso que manter a atenção em tudo o que nos envolve é característica essencial do inovador.
Ao final, ao contrário do que muitos podem pensar, o termo inovação não carrega em si o peso da complexidade. Coisas e ideias muito simples têm grande potencial inovador. Os gestores e empreendedores que conseguirem utilizar de forma eficiente a inovação em seus negócios terão em mãos um diferencial de alto valor, que tende a contribuir para a sustentabilidade das micro e pequenas empresas.  
Eduardo Pocetti é formado em Ciências Contábeis e Economia, e atua no segmento de auditoria há mais de 32 anos. Após aquisição pela KPMG no Brasil das operações brasileiras da BDO, empresa de auditoria, tributos e advisory services da qual era CEO, o executivo tornou-se sócio-líder da área de Mercado Empreendedor.