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sexta-feira, 5 de abril de 2013

BC proíbe empresas de enviar 'boleto de oferta'


O Banco Central informou nesta terça-feira (2) que foi aprovada uma circular que proíbe empresas de enviarem "boletos de oferta" de produtos sem a permissão prévia das pessoas a quem eles estão endereçados. Os boletos de oferta são aqueles enviados por empresas para cobrar por serviços oferecidos (promoções, por exemplo), mas que não representam necessariamente débitos contraídos pelas pessoas físicas ou empresas.

A medida começa a valer para correspondências encaminhadas a partir desta quarta-feira (3/04/2013). Ela vai atingir promoções como convites para assinatura de revistas e para aquisição de cartão de crédito.

Novo nome
De acordo com o BC, outra mudança é que o boleto de oferta vai passar a se chamar boleto de proposta. “Além de contemplar as situações de oferta de produtos e serviços, pode ser utilizado em propostas de contratos civis, como doações, e em convites para afiliar-se a uma associação”, diz nota da instituição.

Em junho de 2012, o BC já havia criado o boleto de oferta como um instrumento para informar aos clientes que a cobrança contida no documento não é obrigatória. O objetivo das medidas é evitar que os consumidores sejam levados a pagar boletos e contrair dívidas que não desejavam.

sábado, 29 de setembro de 2012

Juros para empréstimos caem ao menor nível desde 2000



Taxa média para pessoas físicas e jurídicas ficou em 30,1% em agosto, segundo relatório do Banco Central. Volume de crédito no país subiu 1,2% no período

Empresa de crédito pessoal no centro de São Paulo
Empresa de crédito pessoal no centro de São Paulo (Roberto Setton)
A taxa média de juros cobrada no Brasil para pessoas físicas e jurídicas recuou em agosto pelo sexto mês consecutivo, de acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central, passando de 30,7% em julho para 30,1% no mês passado. Trata-se do menor patamar da taxa geral de juros para o crédito desde o início da série histórica do BC, em 2000.  Para pessoas físicas, a taxa média recuou de 36,2% ao ano em julho para 35,6% em agosto, o menor número desde 1994, quando teve início esta série do BC. Os juros para a pessoa jurídica, que começaram a ser contabilizados pela autoridade monetária em 2000, também caíram à mínima histórica, passando de 23,6% para 23,1% anuais, no mesmo período.
O volume de crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro no Brasil em agosto subiu 1,2% em relação ao mês anterior, segundo o Branco Central. O montante representa agora 51% do Produto Interno Bruto (PIB) do país (ante 50,8% de julho), ou 2,211 trilhões de reais. No acumulado do trimestre, a carteira cresceu 3,5% e, no ano (até agosto) o aumento foi de 8,9%. Em 12 meses, o total de operações de crédito registrou expansão de 17%. 
Segundo o Banco Central, entre as operações que mais cresceram em agosto está a do crédito rural, que subiu 3,4% no período, para 151,287 bilhões de reais. Ainda no setor privado, o crédito para a indústria subiu 0,2% em agosto (439,105 bilhões de reais), habitação avançou 3,2% (250,039 bilhões de reais) e o crédito para o comércio registrou retração de 0,2% no período, totalizando 213,658 bilhões de reais em agosto.
O total de empréstimos para o setor público chegou a 105,665 bilhões de reais, uma alta de 1,5% de julho para agosto, puxada principalmente pelo crédito concedido ao governo federal, de 61,398 bilhões de reais, o que representa uma elevação de 1,8%.
 Segundo o relatório, a participação dos bancos públicos no total da carteira de crédito subiu para 45,7% em agosto, de 45,5% em julho. Nas instituições privadas nacionais e estrangeiras, a participação recuou 0,1 ponto porcentual em cada, para 37,5% e 16,8%, respectivamente, na mesma base de comparação.
Outros indicadores - Ainda segundo o BC, a inadimplência ficou em 5,9% no mês passado, estável em relação a julho. O BC informou também que o spread bancário  - diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final - atingiu 22,5 pontos percentuais em agosto, contra 23 pontos no mês anterior.
Selic - Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil "ainda tem espaço para redução" da taxa de juros (Selic). Falando a investidores durante a Cúpula de Mercados de Alto Crescimento, promovida pela revista The Economist, o ministro insistiu em que o governo continuará se utilizando de políticas monetárias para promover o crescimento. "Podemos ter uma política monetária ativa. Isso faz sentido no Brasil, onde o crédito ainda é relativamente restrito", disse.
Contudo, no relatório Focus desta semana, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central elevaram para 7,5% a projeção da taxa básica de juros, a Selic, neste ano. No levantamento anterior, a previsão era de 7,25%. Isso significa que eles não acreditam em novo corte da taxa de juros, uma vez que a Selic atual já está em 7,5%.
Perspectivas - O BC também elevou, nesta quarta-feira, a projeção de crescimento do estoque total do crédito em 2012 para 16%, contra 15% na estimativa anterior. O movimento, segundo a autoridade monetária, será puxado pelos bancos públicos, cujos estoques devem crescer 24% neste ano, acima da projeção anterior de expansão de 21%.
O BC informou ainda que manteve suas estimativas sobre o crescimento dos estoques de crédito dos bancos privados nacionais e estrangeiros neste ano, em 10% e 13%, respectivamente.
(Com Agência Estado e Reuters)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Como foi o desempenho das grandes economias mundiais desde 2007?



Como o PIB variou nas grandes economias (Fonte: Reprodução/Correio do Brasil)


Face à grande recessão que atingiu muitas economias ricas neste ano, é interessante comparar como o PIB per capita variou nas grandes economias mundiais desde 2007, logo antes da crise estourar.

De acordo com as previsões da Economist Intelligence Unit, pessoas da Inglaterra, Estados Unidos, França e Japão estarão em situação pior em 2012 do que em 2007. Na Inglaterra, o PIB per capita real terá caído mais de 5% comparado ao nível pré-crise.
A Alemanha e os países do BRIC estão em uma situação melhor. Prevê-se que o PIB per capita real da Índia aumente em 34% face ao de 2007. Já o aumento na China será de mais de 50%.

Fonte: Reprodução/The Economist

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

É a China que importa



Em 2010, China absorveu 15,2% das exportações brasileiras

Dois fatos ocorridos na mesma semana. Um em Brasília e outro na China. Do outro lado do planeta, o país que mais cresce no mundo tornou-se mais urbano que rural. Na capital federal, o Comitê de Política Monetária do Banco Central baixou para 10,5% a taxa de juros em sua primeira reunião do ano. Por mais estranho e incrível que possa parecer, o acontecimento mais distante fará mais diferença em nossas vidas do que o ocorrido no umbigo do país.
A queda de meio ponto percentual, a rigor, muda pouco o rumo de nossas dívidas pessoais. As mensalidades com juros ao mês pagas pela utilização de R$ 1 mil no crédito rotativo do cartão, por exemplo, caem de R$ 106,90 para R$ 106,50. Mas levar a Selic para a casa de um dígito seria um feito extraordinário para o Governo Dilma, fato ocorrido pela última vez no Governo Lula em abril de 2010 quando atingiu 9,5%. Este percentual, segundo analistas, seria atingido – se chegarmos aos 10% na reunião do Copom de 7 de março – na sessão de 18 de abril. Até lá, ainda estaremos no topo do ranking de maior taxa de juros do planeta, deixando a Hungria no segundo lugar, segundo o IBGE.
A China, que já ocupa 100% de seu território agricultável, precisa importar alimentos para saciar aquele povo todo. São mais de 1,347 bilhão consumidores. Como somos uma potência agrícola – mesmo ocupando somente 15% de nossas terras produtivas – os chineses se tornam grandes compradores, principalmente a partir destes dias em que se anuncia que lá as populações das cidades já concentram mais pessoas do que no campo. As melhores oportunidades de trabalho e salário nas grandes cidades mudaram o perfil daquele país.
Uma janela de oportunidades
Mesmo que os salários das grandes cidades de lá ainda não se comparem com os das outras metrópoles do mundo, é certo que a remuneração no campo é bem inferior. Daí o êxodo. Com mão de obra barata, os chineses conseguem exportar seus produtos a preços competitivos, mas continuarão dependentes de suas importações. É aí que o Brasil entra na história. Competidores ferrenhos no mercado internacional, Brasil e China se tornam – cada vez mais – importantes parceiros comerciais. Nossas exportações para este destino crescem a cada ano.
Em 2010, a China absorveu 15,2% das exportações brasileiras. Eram 2% em 2000. Os Estados Unidos caíram para o segundo posto no ranking de nossos maiores mercados. Dados do Banco Central mostram nosso saldo positivo na balança comercial com os chineses: o superávit é da ordem de US$ 5,2 bilhões. Na nossa pauta de exportações, as grandes estrelas são a soja e o óleo de soja, minério de ferro e produtos siderúrgicos.
O caso da soja tem relevância. O item representou 27,19% de nossas exportações. O grão e seu óleo estão entre os alimentos mais apreciados naquele país e são usados na fabricação do “shoyu”, do óleo de cozinha e do “tofu”. No momento em que a Europa exibe um cenário sombrio e recessivo, cabe ao Brasil abrir esta janela de oportunidade num mercado que não para de crescer e surpreender.
Ao longo desta década foram muitos os economistas que anunciaram, aos quatro ventos, que a China ia quebrar. Estão caladinhos, comprando ações na Bovespa das empresas brasileiras que investem seu capital numa terra bem longe daqui.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Mas, afinal de contas, o que é Economia Criativa?


Ao contrário da economia como a conhecemos, a economia criativa está focada na imaginação e na capacidade intelectual. 


Uma nova forma de abordagem econômica, impulsionada por uma necessidade de repensar determinada atividade — que passe por momentos de estagnação, declínio ou crise — recebe o nome de Economia Criativa. O nome refere-se aos novos modelos de negócio criados a partir de produtos ou serviços culturais e desenvolvidos pelo conhecimento ou capital intelectual. Se a explicação deste primeiro parágrafo ainda não é clara, vamos aos exemplos. Com o declínio de sua indústria de carvão e aço, a cidade inglesa de Shefield transformou-se num polo de desenvolvimento de mídias digitais. Fabricar um CD não é economia criativa. O game gravado nesta mídia, este sim, integra a nova onda.
Ao contrário da economia como a conhecemos – envolvendo indústria, comércio ou agronegócio – a economia criativa está focada na imaginação e na capacidade intelectual para o desenvolvimento de algo que gere renda. Como não envolve a criação de um objeto a ser consumido – como um pão, um sapato ou um relógio – a atividade passa, forçosamente, pelo talento e criatividade: cultura, design ou música, por exemplo, e ainda o desenvolvimento de softwares ou games que envolvem tecnologia e inovação.
Os sites de financiamento colaborativo são um bom exemplo desta corrente que busca dinamizar e diversificar o jeito de fazer negócio. Interessado em trazer uma banda para uma série de shows no Brasil, o site consulta o preço do cachê e demais despesas – frete, staff e hospedagem. Feito o levantamento, o promotor divulga aos navegantes que deverão colaborar com determinada quantia para comprar o ingresso e garantir a vinda do artista. Outra pessoa poderá até mesmo investir uma quantia maior, transformando-se em acionista daquele evento. O montante que ultrapassar o preço da venda das entradas irá para o bolso do investidor – como lucro. Resultado: todos ganham – promotor, espectador, artista e investidor.
A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) elaborou o Relatório Economia Criativa 2010 que aponta queda de 12% no comércio global em 2008. No mesmo estudo, os serviços e bens da economia criativa cresceram até 14%. Ainda segundo a Unctad, a China lidera a produção na economia criativa. Os Estados Unidos vêm em segundo e a Alemanha, em terceiro. O Brasil não está na lista dos 20 maiores, embora o IBGE, em 2007, tenha indicado que o setor representa 4% do PIB, o equivalente a R$ 2,4 trilhões naquele ano.
Foi o consultor e autor britânico John Hawkins, em 2001, o primeiro a usar o termo, no livro “Economia Criativa: Como as pessoas fazem dinheiro com ideias”, onde defendia que o sucesso não depende apenas de investimento, máquinas ou equipamentos, mas de boas ideias. O novo olhar surgiria como aliado dos avanços específicos da tecnologia da informação, do talento empresarial e midiático e, ao mesmo tempo, inimigo do baixo custo de mão-de-obra – uma saída para remunerar melhor os talentos vítimas do achatamento salarial.
De olho nas novas tendências, o BNDES elevou em três anos a dotação orçamentária para a economia criativa de R$ 135 milhões para R$ 1 bilhão, oferecendo linhas de crédito para os setores de jogos eletrônicos, editorial e cadeia produtiva de espetáculos ao vivo. Relatório do governo do Reino Unido, em 1998, descrevia o setor como a força motriz do futuro econômico. A nova economia já é discutida no desenvolvimento regional de cidades como Berlin, Milão, Helsinki, Frankfurt, Lyon e Rotterdam. Não pode ser um negócio ruim.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Importações supérfluas


Tentando retomar uma prática de fechamento comercial abandonada desde a época da ditadura no Brasil, com o objetivo de melhorar o saldo comercial e “proteger a indústria local”, o governo vai ampliar as medidas de defesa comercial. Esse foi o recado dado pelos novos secretários do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O novo secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior disse que o objetivo é “substituir importações desnecessárias”.
“Vamos defender produtos que podem ser fabricados no Brasil de maneira adequada”, afirmou o secretário, explicando que ”as medidas de proteção serão tomadas contra produtos importados que ferem a competição legal e justa no país”.
A restrição parece boa para um observador apressado, mas pode esconder o desejo de montar determinados cartéis em setores da economia, para proteger ineficiências e falta de produtividade, e neste caso, ganham as benesses os setores mais fortes e, por isso, mais organizados. Perderá o consumidor, que tinha à sua disposição preços mais baixos para os itens de seu consumo.
Delegar ao governo a decisão do que é, ou não, ”supérfluo” é um retrocesso na livre escolha do cidadão, o que faz lembrar regimes totalitários e, até mesmo, a censura à imprensa, como foi ventilado recentemente na tentativa de introduzir nova legislação a respeito.
Para algum burocrata de plantão, por exemplo, o whisky escocês pode ser desnecessário, devendo ser abandonado, inclusive a bordo do avião presidencial, a favor da aguardente de cana de alambiques nativos; é uma opinião. Como dizia um ministro da Fazenda anterior, sobre as declarações da nova equipe “o que é bom não é novo; o que é novo não é bom”.
Na economia a distinção entre causa e efeito é frequentemente ignorada por conveniência, tentando-se remediar o problema sem tratar das razões, como parece ser a proposta da equipe econômica que assumiu.
Convenhamos, o governo anterior, seu presidente e ministro da Fazenda – este continua – puseram lenha demais na fogueira da economia – para criar uma sensação de bem estar e favorecer a eleição de sua candidata. Ora, fogo demais resulta em inflação, pois a oferta de bens, não acompanhando o impulso da demanda, força a subida dos preços. Aliás, até etimologicamente, inflação se associa a inflamar, que por sua vez vem de flama, ou seja, fogo.
Como efeito imediato – adiado convenientemente pelo governo anterior – o novo Banco Central foi obrigado a aumentar a taxa de juros, tornando o Brasil mais atraente, ainda, ao capital externo, com uma tsunami de dólares entrando e provocando a queda dramática da taxa de câmbio.
Com o real supervalorizado, as importações ficam muito baratas. Aí vem a nova equipe econômica e propõe tranca em porta arrombada, desconsiderando a relação causa e efeito do excesso de gastos públicos forçando a inflação. Não só não vai funcionar como terá diversos efeitos colaterais na economia. Um pouco de bom senso viria bem neste início de governo.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uma Guerra mundial por Empregos

Estamos nomeio de confronto entre países por empregos e mercados.  A Academia Sueca de Ciências confirmou a importância do fenômeno ao conceder o Prêmio Nobel de Economia a três economistas que estudam o desemprego, formação de salários, oferta de vagas e o efeito do seguro-desemprego sobre o mercado de trabalho. O Brasil desperta agora para os perigos desta guerra, mas ela vem ocorrendo faz algum tempo.


Os asiáticos praticam há décadas a flutuação cambial suja, roubando emprego dos demais países em tempos de desaceleração econômica mundial.


Os americanos inundam a economia mundial com uma enxurrada de dólares, uma política de dinheiro barato e liquidez abundante que faz desabar a cotação de sua moeda nos mercados mundiais.


Os mercados de trabalho europeus são particularmente rígidos. Impostos elevados, aposentadorias e benefícios previdenciários irrealistas, encargos trabalhistas excessivos e a atuação dos sindicatos dificultam a criação de empregos e estimulam hostilidades contra imigrantes.


A integração da China ao capitalismo global está por trás de tudo o que vemos. Seu excesso de poupança financiou por muito tempo o extravagante consumo dos americanos. E a sua acumulação de 2,5 Trilhões de dólares para sustentar a cotação do iuane contra o dólar falsifica também suas taxas de câmbio contra outras moedas, aprofundando o desequilíbrio exteno dos demais países.


A integração da China ao capitalismo global não apenas sustenta o sucesso o sucesso material e a longevidade política de uma ditadura comunista, como também se tornou um desafio aos abusos da civilização ocidental.


Os chineses trabalham duro e poupam bastante. Praticam o capitalismo selvagem.
Os Americanos tentam construir pontes de papel para a riqueza.
Os Europeus querem viver do Estado, ou seja, de impostos pagos pelo trabalho alheio.


A ameaça já é visível no Brasil. Reforça a alta dos preços das matérias-primas, o que engrossa nossas exportações, derruba a cotação do dólar e nos ameaça de desindustrialização. 


Tentamos, no Brasil,  segurar a cotação da moeda aumentado os impostos para os capitais voláteis, esquecendo que são as altas taxas de juros praticadas no mercado interno o principal atrativo à esses capitais. 


Analisando os números da geração de empregos no Brasil x a massa salarial, observamos um movimento bastante interessante. Enquanto foi gerado 15.000.000 de empregos, a massa salarial cresceu apenas 1,2%. Geramos muitos empregos de baixa remuneração. Mesmo com todo aquecimento da economia. Uma grande guerra mundial já começou, agora por empregos. 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Livre comércio: uma ideia difícil de ser aceita (e, no entanto, tão simples)


Todo economista sensato é – ou deveria ser – a favor do livre comércio. Digo “deveria ser”, posto que não existem argumentos econômicos contrários ao princípio, e que os economistas (insensatos?) que se posicionam contrariamente, o fazem por outras razões que não as de ordem propriamente econômica: defesa do emprego nacional, ausência de reciprocidade por parte dos parceiros comerciais, desequilíbrios setoriais devidos a externalidades negativas em outros setores, etc.; ou seja, argumentos de natureza puramente política, quando não oportunista ou meramente conjuntural.
Todos os políticos sensatos afirmam ser – por vezes, enganosamente – a favor do livre comércio; mas, de fato, praticam o mais deslavado protecionismo. Eles o fazem sob o argumento de que “a teoria é perfeita, mas na prática não funciona”; na verdade, geralmente, eles estão apenas atrás de reeleição no seu curral eleitoral, eventualmente ameaçada se a competição estrangeira destruir muitos empregos localmente.


É compreensível que a lógica (inatacável) do livre comércio não seja muito compreensível ao cidadão comum (com perdão pela redundância): pessoas sem maior instrução econômica – ou sem um simples conhecimento da história – não conseguem compreender que comprar produtos mais baratos do exterior sempre será melhor do que tentar fazer tudo localmente, empregando-se os fatores nacionais na produção de bens para os quais se dispõe de vantagens comparativas relativas, posto que, deste modo, a renda aumentará para todos os parceiros no negócio, tanto exportadores, quanto importadores. O cidadão comum só consegue ver a “perda” dos empregos locais e a “transferência” de renda para o exterior, deixando de perceber os benefícios evidentes da especialização produtiva segundo a dotação (não estática) de fatores.
É menos compreensível que políticos, em geral cidadãos mais educados do que a média – ops, talvez não em todos os países… –, sejam contra o livre comércio, já que eles (ou os seus assessores) estariam em condições de comprovar o quanto o livre comércio contribui para o aumento dos índices de produtividade, para os níveis de competitividade e, portanto, para a geração de riqueza nacional, medidos direta ou indiretamente quanto aos seus resultados de médio e de longo prazos. Mas talvez não se possa pedir a políticos que sejam sempre racionais e coerentes com a realidade.
É menos compreensível ainda, ou talvez não seja racionalmente admissível, que economistas inteligentes se posicionem contra o livre comércio, quando, mesmo decidido unilateralmente, ele só traz benefícios aos países que o praticam. Como dito acima, os argumentos contra o livre comércio por parte de “economistas” não são de natureza econômica, mas de ordem essencialmente política. Mesmo um economista reputado inteligente como Paul Samuelson produziu um “teorema” e caiu na esparrela de opor-se a ele sob a justificativa de que o livre comércio diminuía os salários dos trabalhadores menos qualificados… nos Estados Unidos (sic!).
Talvez os economistas que assim procedem tampouco querem, a exemplo dos políticos oportunistas, ser acusados de contribuir para a perda de empregos nacionais, ou para o aumento do déficit comercial, seja lá o que for mais importante. Mas nada explica a construção de argumentos aparentemente sérios contra o livre comércio, quando essa oposição causa, objetivamente, perda de renda nacional, perda de oportunidades de especialização produtiva – e, portanto, de ganhos de produtividade em setores com demanda externa potencialmente maior – e perda de nichos de integração na economia internacional, a maior provedora possível de tecnologias inovadoras, know-how, capitais e receitas de exportação. Não se pode esquecer que, por definição, a soma do conhecimento externo sempre será maior do que qualquer conhecimento interno, mesmo para a maior e mais poderosa economia nacional (o que é evidente pelos dados de licenciamento tecnológico e de registro de patentes).


O livre comércio, aliás, é um pouco como a tecnologia: destrói alguns empregos localizados, setorialmente e temporariamente, ao mesmo tempo em que cria novos empregos, em setores mais avançados e geralmente de melhores salários. Pode ocorrer, claro, que as perdas sejam mais amplas, de mais longa duração, e que os novos empregos não sejam, localmente, de mais alta remuneração. Mas isto se deve a outros fatores causais, talvez externalidades negativas ainda não revertidas pela economia nacional, e não propriamente aos mecanismos do livre comércio, que sempre tendem a produzir ganhos de renda na economia como um todo.


Sendo isso verdade – e não vejo argumentos contrários a essas idéias que sejam racionalmente defensáveis – é surpreendente que o livre comércio não seja ainda mais disseminado – ou seja, universal e unilateral – do que os poucos exemplos parciais, quase em formato de arquipélago ou de colcha de retalhos, dos acordos que podem ser legitimamente classificados sob essa rubrica e como tal registrados na OMC. Com efeito, a maior parte dos acordos ditos de livre comércio são, na verdade, de liberalização comercial, deixando ainda largas frações das economias nacionais – geralmente agricultura e indústrias labor-intensive – ao abrigo da concorrência estrangeira.


O outro argumento – de natureza política, sublinhe-se mais uma vez – que busca refrear o avanço dos acordos de livre comércio é o de que seus ganhos (ou perdas), do ponto de vista da renda dos cidadãos, seriam muito pequenos e difusos (ou seja, disseminados por toda a sociedade); ao passo que seu impacto negativo é geralmente concentrado numa indústria ou num setor específico, podendo produzir, portanto, efeitos devastadores numa cidade ou numa região inteira. Se isso é verdade, políticos responsáveis deveriam ser a favor do livre comércio, posto que os ganhos (ou perdas) para a economia e a sociedade como um todo são incomensuravelmente maiores do que o argumento do foco concentrado, por definição parcial e limitado a uma parte apenas da economia ou da sociedade.


Um simples cálculo de contabilidade nacional permitiria comprovar que o efeito de uma tarifa elevada ou de uma salvaguarda – mesmo temporária – sobre um produto ou serviço qualquer oferecido em competição a um similar nacional, é muito mais relevante do que os custos setoriais e limitados do livre comércio, por vezes em dígitos de milhões, contra simples dezenas ou centenas de milhares. Da mesma forma, os empregos perdidos (ou não criados) pela ausência de livre comércio são mais relevantes, no plano da qualidade e dos vencimentos, do que os poucos empregos preservados temporariamente pela sanha de algum político protecionista.
Este é, finalmente, o último argumento em favor do livre comércio: os empregos assim “salvos”, estão irremediavelmente condenados, posto que eles não poderão se manter indefinidamente num mundo irremediavelmente globalizado (mas, de certa forma, ele sempre o foi, pelo menos para as economias de mercado). A indústria assim protegida corre um risco ampliado de, mais cedo ou mais tarde, perecer completamente, quando não se lhe oferece a oportunidade (e a chance) de enfrentar a concorrência pela qualificação tecnológica, pela reconversão produtiva, pela inovação incremental.
Não existem, repito, argumentos racionais, economicamente defensáveis, contra o livre comércio; tudo o que se disser contra ele tem causas e fundamentação essencialmente políticas. Ainda aguardo o teorema que irá provar o contrário, eu e David Ricardo…


Artigo originalmente publicado no site do Instituto Millenium

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Austeridade

No encontro do G20 no Canadá, o relatório final falou da necessidade de fortalecimento da economia global e de ajustes fiscais a serem adotados nos principais países da região do euro. Para este grupo de países a meta é reduzir os déficits fiscais pela metade até 2013, sem esquecer a necessidade de retomada do crescimento.

Mas como pensar em voltar a crescer com mais força, sem deixar de se preocupar com a reorganização das finanças públicas? Haveria um dilema nesta assertiva?


A princípio, o crescimento de curto prazo poderia ser afetado. Numa visão de mais longo prazo, no entanto, estes ajustes prementes do setor público seriam positivos, pois abririam espaço para uma política monetária mais frouxa e um crescimento mais consistente, visto que parte da poupança despendida no setor público seria liberada para o financiamento dos gastos do setor privado.
Entramos neste caso, num embate entre os EUA, defensores da manutenção dos estímulos econômicos, mesmo ao preço de um desajuste do setor público e dos países da zona do euro, achando por bem um ajuste fiscal rigoroso agora para abrir espaço a um crescimento mais exuberante no futuro. A questão a ser colocada, no entanto, é sobre como chegar a este longo prazo. Isto porque corremos o risco, neste meio tempo, de um novo mergulho recessivo, sob a forma de “w”, resgatando o conceito do “double deep”.
A economia global experimentou uma boa recuperação em 2009, fruto das medidas de estímulo adotadas, mas agora se confronta com o esgotamento destas medidas e a crise do excessivo endividamento neste período e mesmo antes. Na média, o déficit público da zona do euro chega a 7,1% e nos EUA passa de 10% do PIB.
Do encontro do G20 costurou-se um compromisso arrojado de reduzir estes desequilíbrios pela metade até 2013. Será que os atores envolvidos terão espaço político e condições econômicas para obter este intento?
Esta é a pergunta que não quer calar. O Brasil se alinha mais com os EUA, por achar essencial a manutenção das políticas de estímulo, até porque numa primeira abordagem sua situação fiscal não é tão delicada se comparada a dos outros países do G20.
Nos EUA, déficit público chega a 11% e sua meta ambiciosa é reduzi-lo a 4,2% do PIB em 2013; no Japão passa de 7,9% do PIB, nos países dos PIIGS, na sua maioria, passa de 10%. A Alemanha, por outro lado, possui uma situação fiscal mais confortável, o que diante de um ajuste fiscal rigoroso anunciado recentemente, deve levar seu déficit de 5,6% do PIB atualmente, para cerca de 3%, dentro da meta firmada pelo Tratado de Maastrich, acordo firmado nos anos 90, por ocasião da criação desta zona de unidade monetária.
Mas o que preocupa, de fato, a crise da zona do euro é a forte concentração de vencimentos de 2010. A Itália segue liderando no forte volume de vencimentos, totalizando € 174 bilhões, mas a Espanha não fica atrás, com € 53,7 bilhões. É crescente, inclusive, a possibilidade dos ibéricos virem a precisar recorrer ao fundo de estabilização da União Europeia, dada a situação delicada do seu sistema bancário.
Tem-se, portanto, mais uma fase da crise, eclodida em setembro de 2008, na qual a dificuldade de rolagem das dívidas, com os títulos sendo rejeitados pelos mercados o que vem deteriorando as carteiras dos bancos. Isto porque estes se encontram recheados destes mesmos títulos públicos dos vários países da zona do euro, em arriscadas operações cruzadas.
Esta situação extremamente delicada no mundo rico ainda não encontra paralelo com a economia brasileira. Claro que a qualidade da nossa política fiscal é questionável, visto que vem sendo impulsionada pelo aumento das despesas de custeio, de manutenção da máquina pública, mas os nossos passivos são bem mais administráveis do que os do hemisfério norte.
Isto pode ser visto pela visão do BACEN, achando a dinâmica da nossa dívida benigna, com tendência de queda no longo prazo, em função dos últimos superávits. Realmente nossa situação é bem mais confortável do que a de uma série de países desenvolvidos. Segundo o FMI, os EUA, por exemplo, fecharam 2009 com dívida líquida de 58,3% do PIB e devem terminar 2010 com 66,2%; a Alemanha, de 64,3% para 68,6%; França, de 67,7% para 74,5%; Itália, de 113,2% para 116%, entre outros.
No Brasil, a dívida líquida em 2009 fechou em 42,8% do PIB e em maio já recuou para 41,4%. Por outro lado, é preciso atenção ao desempenho das contas públicas por estas plagas, até porque a tentação pela complacência e relaxamento no trato destas variáveis segue como uma ameaça ao futuro. Em maio, por exemplo, houve uma forte deterioração fiscal, com o pior resultado em 11 anos.
Pelo enfoque do Tesouro, o governo central veio com déficit de R$ 509 milhões, enquanto que pelo enfoque do BACEN o resultado consolidado foi positivo em R$ 1,43 bilhão, devido ao bom desempenho dos governos regionais e as estatais. O governo central veio com rombo primário de R$ 1,43 bilhão, mas os governos regionais fecharam no azul em R$ 1,46 bilhão e as estatais em R$ 1,39 bilhão.
No ano, pela esfera do Tesouro, o governo central registrou saldo positivo de R$ 24,20 bilhões, em função dos bons resultados em janeiro e abril, e no governo consolidado, pelo enfoque do BACEN, no ano, o superávit primário foi a R$ 38,04 bilhões, 2,72% do PIB, e nos 12 meses, a R$ 70,68 bilhões, 2,13% do PIB, mesmo patamar de abril (R$ 70,37 bilhões, 2,15% do PIB).
Ressaltemos que estas divergências de resultado do Tesouro e do BACEN se explicam pelas diferentes metodologias de ambos. Devemos lembrar, também, que o resultado fiscal vem sendo sustentado pelo ótimo desempenho da arrecadação federal, já que as despesas seguem mantidas em perigosa trajetória, concentradas naquelas voltadas a Encargos e Pessoal.
Neste ano, a arrecadação federal cresceu 17,9% e as despesas aumentaram 18,5%. Os gastos com Custeio e Capital aumentaram 33,3%, nos Pagamentos de Benefícios 14,1% e com Pessoal 8,4%.
Por fim, a dívida líquida do setor público registrou R$ 1,37 trilhão, 41,4% do PIB, em queda devido ao crescimento da economia e a depreciação cambial, mas a dívida bruta, impactada pelos financiamentos do BNDES e do Tesouro, foi a mais de 60% do PIB.
Para os próximos meses, as projeções de mercado para o saldo primário oscilam em torno de 3,3% do PIB, sustentadas pela arrecadação em bom ritmo impulsionada pelo crescimento da economia, e a dívida líquida em torno de 41% do PIB.

Fontes: Instituto Millenium

terça-feira, 13 de julho de 2010

Gastar e poupar




O que os governos devem fazer, gastar para estimular a economia ou poupar para arrumar as contas públicas? 

O ideal seria conseguir fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo: gastar em coisas que têm efeito imediato na atividade econômica, como dar um subsídio para que as pessoas comprem alguma coisa, de geladeiras a casas. Ou colocar na rua um programa de obras. Atenção, não se trata de anunciar grandes projetos e inaugurar tijolo. É iniciar as coisas de verdade, colocar máquinas e operários trabalhando. Em qualquer caso, é preciso que o gasto seja limitado no tempo e nos valores e, sobretudo, bem explicado. Um subsídio ou uma redução de impostos a ser aplicada em tantos meses, com despesa de um bilhão, e pronto.


Em compensação, esse mesmo governo precisaria dar provas de que está arrumando as contas a médio e longo prazos. Isso se faz com reforma da previdência, programa de redução dos gastos de custeio, congelamento de salários do funcionalismo e redução do quadro do pessoal, por exemplo, contratando-se uma pessoa para substituir cada duas que se aposentam.
Além disso, há uma restrição crucial: há governos que podem (ainda) aumentar determinados gastos e outros que simplesmente não podem ou não devem. Isso depende da situação das contas de cada um e, mais importante, talvez, do grau de confiança de que desfrutam nos mercados.


Como funciona isso de confiança? É simples: um governo com déficit precisa financiar esse rombo. Faz isso tomando dinheiro emprestado na praça internacional, ou seja, vende títulos do Tesouro, pagando sobre eles a taxa de juros pedida pelos credores — bancos, fundos de investimentos, outros governos (todos os bancos centrais do mundo compram papéis dos Estados Unidos) e pessoas que aplicam sua poupança.
Qualquer pessoa que tem um dinheirinho aplicado em fundo de investimento é credora de algum governo.
E aí funciona como em qualquer empréstimo — é tanto mais barato (juros mais baixos) quanto mais confiável for o tomador.
Assim, o governo do Japão tem neste ano um déficit equivalente a 8% do seu Produto Interno Bruto, além de acumular uma dívida de tamanho superior ao do PIB anual.


O governo brasileiro fechou maio com um déficit anualizado de 3% do PIB, com uma dívida pública total em torno dos 60% — números muito mais saudáveis, como vive alardeando o ministro Guido Mantega.


Entretanto, os títulos de dez anos do Tesouro japonês, em ienes, pagam uma taxa ridícula de 1,1% ao ano, a menor do mundo. Já os papéis brasileiros equivalentes, emitidos em dólar, pagam 6,2% – e mais que isso para os bônus denominados em reais. O governo americano paga mais que o japonês. Também faz um déficit público maior neste ano, cerca de 9% do PIB, e crescente pelo menos até 2012. Ainda assim, os títulos do Tesouro dos EUA rendem apenas 2,9% ao ano, e com grande procura.


Que conclusões se podem tirar daí? A primeira é que o governo americano tem tempo para manter, ao menos parcialmente, sua política de gastos e subsídios às famílias e empresas privadas para que movimentam a economia. Os compradores dos títulos americanos, entre os quais o próprio governo brasileiro, acreditam que as prestações e os juros serão pagos corretamente, de modo que financiam esse “esforço fiscal” dos Estados Unidos.
O mesmo vale para Japão e Alemanha que se financiam a menos de 3% ao ano, no exterior e em seus países, em moeda local. Mas do governo espanhol, os credores já estão exigindo 4,6%, bem mais caro. E para a Grécia ficou proibitivo. Os investidores pedem juros de 10,5% ao ano, em euros, para comprar um papel do Tesouro grego.


Ora, se mesmo o presidente Barack Obama julgou necessário formular um plano de ajuste de contas de médio prazo, e se a chanceler alemã, Angela Merckel, resolveu iniciar o acerto desde já, fica evidente que essa exigência é muito maior para países que desfrutam de menor confiança.


E por que países como o Brasil pagam juros maiores mesmo apresentando contas públicas com números mais bonitos? Isso tem a ver com a história — e o Brasil já deu dez calotes em sua dívida externa, além de tantos outros na interna, contra nenhum dos Estados Unidos, por exemplo. A Alemanha já deu calote, trocou de moeda e produziu episódios de hiperinflação, mas isso foi na velha Alemanha, de antes da Segunda Guerra. A nova é um prodígio de austeridade, como a Suíça.


O Brasil está muito novo nesse quesito da estabilidade. Nossa moeda tem apenas 16 anos e as bases macroeconômicas atuais (superávit primário, redução do endividamento, regime de metas de inflação com BC independente e câmbio flexível) foram assentadas em 1998 e 99.
E confiança tem a ver também com a dinâmica dos gastos públicos. No Brasil, o governo tem elevado as despesas com Previdência e funcionalismo — gastos que permanecem no orçamento por décadas.


Ou seja, é equivocado achar que o governo brasileiro pode gastar mais porque tem números atualmente mais arrumados. Os juros pagos pelo Brasil vêm caindo, ao longo dos últimos anos, por causa da nova austeridade recente. Mantê-la é a condição para juros menores ainda.


Carlos Alberto Sardenberg (Instituto Millenium)


terça-feira, 29 de junho de 2010

O Brasil e a bolsa de valores: uma aposta no crescimento chinês

Bolsas de valores ainda concentram-se em empresas ligadas ao preço das commodities

Confira o artigo de Rodrigo Constantino originalmente publicado no site do Instituto Millenium


O crescimento econômico brasileiro ainda é muito dependente do crescimento econômico chinês, por conta do preço das principais commodities que o país exporta. As empresas brasileiras exportam quase cinco vezes mais hoje do que faziam no começo do governo Lula, e boa parte do aumento se deve aos produtos básicos. Se isso é verdade para a economia como um todo, é ainda mais verdadeiro para o desempenho da bolsa no Brasil. O Ibovespa ainda é muito concentrado em empresas diretamente ligadas ao preço das commodities.


Quase metade do principal índice de ações do país é formada por empresas que dependem das commodities, que são cada vez mais impactadas pela demanda chinesa. A Petrobras e a Vale, sozinhas, representam algo como 25% do Ibovespa. E a China já representa quase a totalidade do crescimento na demanda mundial de petróleo e minério de ferro. Quando comparado ao índice de outros países, o Ibovespa se destaca por essa excessiva concentração em commodities.


O Dow Jones americano, por exemplo, tem menos de 15% em empresas atreladas diretamente ao preço de produtos básicos, patamar semelhante ao do CAC na França. O FTSE inglês já é mais exposto às oscilações das commodities, com quase 30% em empresas que dependem desses produtos. Já o Nikkei no Japão, o Kospi na Coreia do Sul e a bolsa de Taiwan têm menos de 10% em empresas expostas às flutuações das commodities. São países com elevada participação de empresas de tecnologia.


Mesmo a bolsa chinesa tem baixa exposição a empresas de commodities, cerca de 20% do total. 


A demanda chinesa é cada vez mais relevante para determinar o preço desses produtos, mas a bolsa de ações na China possui participação maior em setores como o financeiro, por exemplo. É o crescimento chinês que dita o preço das principais commodities, mas é o Ibovespa que acaba dependendo mais de sua flutuação.


Comparando o desempenho do Ibovespa em dólar com o CRB, principal índice de commodities da bolsa de Chicago, verifica-se elevada correlação ao longo do tempo. A correlação semanal desde 2009, por exemplo, está acima de 0,95. 


A Austrália é outro país que acaba surfando bem esta onda chinesa, apresentando enorme correlação com o Ibovespa.


Com as principais economias desenvolvidas sem crescimento e com taxas de juros próximas de zero, os investidores buscam alternativas para alocação de capital, tentando aproveitar o crescimento ainda acelerado na China. Mas o melhor instrumento para isso nem sempre será o próprio mercado de ações chinês. Por isso o Brasil acaba se destacando como um excelente “China play”, uma forma de os investidores internacionais apostarem no crescimento chinês indiretamente.
O problema disso é que o Brasil se tornou mais vulnerável a choques externos, principalmente da economia chinesa. Ninguém sabe ao certo para quanto vai o crescimento chinês. O que parece mais razoável prever é que a atual taxa não é sustentável. 
Existem claros sinais de espuma no setor imobiliário chinês, e até o mercado de trabalho começa a apresentar alguns problemas, pressionando os salários para cima. A inflação tem sido uma ameaça constante na China. Se o governo não for capaz de contê-la com medidas administrativas apenas, a economia poderá sofrer um baque. Não dá para descartar a hipótese de queda mais acentuada no crescimento chinês. E se isso acontecer, tanto a economia brasileira como o Ibovespa serão duramente afetados.


O ideal seria o governo brasileiro fazer as reformas estruturais para criar um dinamismo interno mais independente em nossa economia. Com a reforma previdenciária desarmando parcialmente a bomba-relógio do rombo na previdência, a reforma tributária reduzindo e simplificando os impostos, a reforma trabalhista flexibilizando o mercado de trabalho e a reforma política descentralizando o poder e oferecendo maior racionalidade à política nacional, a economia poderia decolar de forma sustentável.


Infelizmente, nenhum dos grandes partidos abraçou esta bandeira de reformas e, para agravar a situação, o governo Lula tem se mostrado muito irresponsável do ponto de vista fiscal no fim do segundo mandato. Nossa economia acaba extremamente dependente do fator China e do crédito estatal, que não pode continuar neste ritmo sem gerar mais inflação. Os gargalos internos ameaçam nossa recuperação econômica, e o Brasil acaba sendo somente uma aposta no crescimento chinês que, por sua vez, apresenta alguns sinais de esgotamento. Não é um quadro muito animador para investidores de longo prazo.


O artigo foi originalmente publicado no site do Instituto Millenium.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Banco Chinês prepara o maior IPO do mundo

O Agricultural Bank of China se prepara para realizar aque la que pode ser a maior oferta pública inicial de ações (IPO) do mundo em meados de julho/2010.  A operação deve levantar entre U$ 20 bilhões e U$ 30 bilhões.


O Banco está convidando investidores institucionais a fazerem propostas pelas ações que serão listadas em Xangai e no dia seguinte em Hong Kong. 

Bradesco conclui a aquisição do Ibi México

O Bradesco concluiu a aquisição do Ibi México e da RFS Human Mangement controlada pelo Ibi. O Negócio havia sido anunciado em Janeiro. O valor total foi de 2,104 bilhões de pesos mexicanos - cerca de 300 milhões de reais. O banco também anunciou uma parceria de 20 anos com a C&A mexicana para a venda de produtos bancários nas lojas da rede.


O Ibi México possui carteira de crédito de R$ 204,7 milhões, patrimônio líquido de  R$ 274 milhões e mais de 1.3 milhão de cartões de crédito ativos. Em junho/2009 o Bradesco anunciou a compra do Ibi no Brasil que também pertencia à C&A.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Crise na Europa: 15 milhões sem emprego na zona do euro

Espanha tem a maior taxa de desempregados: 19,7%


A zona do euro registrou em abril um novo recorde da taxa de desemprego: 10,1% da população economicamente ativa. O índice subiu um décimo em relação a março.
A taxa de desempregados é ainda quase um ponto percentual mais alta em relação a abril de 2009, quando o desemprego afetava 9,2% dos trabalhadores da zona do euro.


Em toda UE, Letônia é a recordista


Em toda a União Europeia, eram 23.311 milhões de trabalhadores sem emprego em abril, dos quais 15.860 milhões estavam nos países da zona do euro.
Na zona do euro, a Espanha teve a maior taxa de desempregados: 19,7%. Em toda a União Europeia, a Letônia registrou em abril o maior índice de trabalhadores sem emprego: 22,5%.

Economia brasileira pode estar 'voando alto demais', diz 'Economist'

Prédios em São Paulo (arquivo)

Muitos novos prédios estão sendo construídos em São Paulo


A revista britânica The Economist alertou em um artigo na edição desta semana que o nível de crescimento da economia brasileira pode se tornar insustentável.


Para a publicação, o fato de a economia brasileira pode estar crescendo em uma velocidade comparada ao crescimento chinês é um problema, pois "o Brasil não é a China".


"Pelo fato de (o Brasil) economizar e investir pouco, a maioria dos economistas acredita que a velocidade de crescimento deve ser limitada a 5% no máximo, para não entrar em colapso", diz a revista.


A Economist afirma que o problema, segundo os críticos, é que grande parte dos gastos adicionais do governo está se transformando em gasto permanente, e a economia está começando a "ficar parecida com um carro com o acelerador preso ao chão".


Segundo o artigo, as autoridades estão começando a se preocupar. No mês de abril o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,75 ponto percentual, o primeiro aumento em quase dois anos, que fez com que os juros no país cheguem a 9,5% por ano.


Críticos do governo afirmam que a política fiscal frouxa faz com que a tarefa do Banco Central seja ainda mais difícil, aumentando o risco de que este crescimento acabe no próximo ano, com uma desaceleração acentuada.


Segundo a The Economist, as autoridades também tem esta preocupação.


O artigo diz que governo acabou com quase todas as isenções de impostos que tinha introduzido durante a recessão.
"No dia 13 de maio os ministros declararam que iriam cortar R$ 10 bilhões dos custos do governo federal em 2010. (...) Mas isto não significa pisar no freio. Os cortes são em um generoso orçamento aprovado pelo Congresso", afirma o artigo.


A The Economist cita o secretário de Política Econômica da Fazenda, Nelson Barbosa, ao afirmar que mesmo se o corte for implementado em sua totalidade, ele vai apenas diminuir a taxa de crescimento nos gastos do governo, mantendo-o constante ou um pouco menor como uma fatia do PIB (Produto Interno Bruto). 


Fonte: The Economist

Para economistas, O Brasil 'não suporta' crescimento tão rápido




Economistas apontam risco de inflação se economia mantiver 'ritmo chinês'
A expansão da economia brasileira a um "ritmo chinês" no primeiro trimestre do ano, como apontam os dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, não é "sustentável", avaliam economistas ouvidos pela BBC Brasil.


Para eles, o país "ainda não suporta" um crescimento tão acelerado como o da China, sobretudo em função da falta de infraestrutura e de mão-de-obra. Além disso, dizem, existe o perigo inflacionário.
"Se esse crescimento continuar, teremos apagões na infraestrutura, ou seja, colapsos na economia", diz o professor de macroeconomia da FGV-SP, Robson Gonçalves.


O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Se projetada para todo o ano, essa expansão chega a 11,2%.


Já a expectativa de mercado para o crescimento do PIB neste ano é de 6,6%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central.
"Todo mundo quer um crescimento chinês, mas com sustentabilidade. Não adianta ter um crescimento anualizado de 10% e uma inflação de 6%. A gente já conhece essa história", diz Cristiano Souza, economista do Banco Santander.


Potencial


Em momentos de forte expansão do PIB brasileiro, os economistas costumam lembrar que cada economia tem um "limite" de expansão (ou PIB potencial). No caso do Brasil, estima-se que esse "teto" de crescimento seja de 4% a 5% ao ano.


O raciocínio é de que o consumo não deve crescer muito além da produção, com o risco de o país começar a produzir gargalos e outros efeitos colaterais, como o aumento dos preços - ou seja, inflação.


Para muitos analistas, o Brasil já está vivendo essa fase. "Pela primeira vez, estamos vendo claramente a falta de mão-de-obra em alguns setores", diz Mauro Schneider, economista-chefe do banco Banif.


Segundo ele, o PIB potencial tende a aumentar gradativamente ao longo do tempo, na medida em que os investimentos tiverem resultado. "Mas, por enquanto, estamos operando acima desse potencial", diz.


Na avaliação do professor da FGV-SP, pelo menos três setores já estariam apresentando gargalos, em função de um crescimento excessivo da economia: energia, transportes e mão-de-obra.


"O crescimento em exagero significa que, em algum momento, teremos um freio. Por isso, o ideal é crescer de forma mais estável", diz Gonçalves.


Inflação e juros


Os economista apontam ainda um outro efeito perverso de um possível crescimento acelerado: a inflação - que, no Brasil, já acumula uma alta de 5,26% nos 12 meses encerrados em abril.


O valor está acima da meta estipulada pelo governo e já fez acender o sinal amarelo no Comitê de Política Monetária do Banco Central - que, em sua última reunião, decidiu elevar os juros em 0,75 ponto percentual.


Segundo Cristiano Souza, o cenário para a inflação no país "não está tranquilo". "Há muita gente no mercado aumentando suas previsões e já preocupada que a pressão inflacionária continue forte em 2011", diz.
Ainda de acordo com o economista do Santander, uma economia superaquecida "facilita" o repasse de preços. "Além disso, a falta de mão-de-obra resulta em aumento de salários, o que também pressiona a inflação para cima", diz.


Diante desse cenário, e expectativa do mercado é de que o Banco Central promova mais um aumento de 0,75 ponto percentual nos juros na reunião que realizada nesta quarta-feira.


Desaceleração


Apesar da preocupação do mercado, o governo tem minimizado as análises de que a economia brasileira estaria superaquecida.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse na semana passada que a economia já está "dando sinais" de desaceleração, referindo-se a alguns indicadores do 2º trimestre.


A produção industrial, que chegou a registrar uma expansão de 3,4% em março, apresentou um recuo de 0,7% no mês de abril.
De acordo com Mantega, o país estaria voltando para o "curso normal e sustentável de um crescimento de 5,5% a 6% no final do ano".


Fonte: BBC

PIB brasileiro cresce em 'ritmo chinês' com alta de 2,7% no 1º trimestre

Com crescimento, PIB brasileiro chega a R$ 826,4 bilhões no trimestre. 

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,7% nos primeiros três meses do ano na comparação com o último trimestre de 2009, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


A forte expansão no período equivale a um crescimento anualizado de 11,2%, mesmo resultado registrado pela China no trimestre. O cálculo é uma projeção de qual seria a expansão do PIB caso o ritmo de crescimento do primeiro trimestre se mantivesse ao longo de um ano.


Os economistas lembram, no entanto, que "é improvável" pensar que o PIB continuará crescendo a essa velocidade nos próximos trimestres, já que alguns indicadores, como o da produção industrial, já desaceleraram nos últimos meses.


A expectativa do mercado, segundo a pesquisa Focus do Banco Central, é de que o PIB deste ano cresça 6,6%, mas algumas instituições já falam em um crescimento de 7,5% em 2010.
"Precisamos lembrar que a base de comparação (último trimestre de 2009) já era alta. Ou seja, o primeiro trimestre foi realmente de uma expansão muito alta", diz o economista Cristiano Souza, do Banco Santander.
Com esse crescimento, o PIB brasileiro chega a R$ 826,4 bilhões no trimestre.


Consumo e investimentos


O consumo das famílias, principal componente das contas brasileiras pelo lado da demanda, cresceu 1,5% nos três primeiros meses do ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior.


De acordo com analistas de mercado, o brasileiro "gastou bem" no primeiro trimestre, sobretudo em função do acesso ao crédito e do aumento da renda.
"O crédito, que é fundamental para o consumo interno, continua em expansão. E ainda temos queda no desemprego e maior renda", diz Mauro Schneider, economista-chefe do banco Banif.


Além do consumo das famílias, outro destaque no 1º trimestre foram os investimentos, que cresceram 7,4%. Com isso, a formação bruta de capital fixo (item das contas nacionais cujo conceito é próximo ao de investimentos) subiu para 18% do PIB.


Entre os setores produtivos, o destaque ficou para a indústria, com alta de 4,2% no trimestre. Trata-se da maior expansão registrada pela indústria desde o 3º trimestre de 2003, quando o setor cresceu 5,9%.


Já a agropecuária apresentou uma expansão de 2,7%, e o setor de serviços, 1,9%, na comparação com o último trimestre de 2009.


Ano anterior


Na comparação com o 1º trimestre de 2009, o PIB brasileiro cresceu 9%. Por esse critério, o consumo das famílias apresentou uma expansão de 9,3%.


Já a indústria cresceu 14,6% sobre igual período do ano passado, enquanto o setor de serviços cresceu 5,9%, e a agropecuária, 5,1%.


De acordo com o IBGE, houve um acréscimo de 14,9% no montante de impostos sobre produtos, devido sobretudo à expansão da indústria e das importações.


Também na comparação com o 1º trimestre de 2009, a formação bruta de capital fixo cresceu 26% - a maior taxa da série histórica, iniciada em 1995.

Euro atinge menor valor em quatro anos


Mercado de câmbio na Ásia (arquivo)

Números civulgados nos EUA na 6ª feira derrubaram Ásia
O euro alcançou nesta segunda-feira a sua cotação mais baixa nos últimos quatro anos, em meio a preocupações sobre a saúde financeira dos países europeus que adotam a moeda comum.


Nas negociações pela manhã, o euro chegou a ser cotado a menos de US$ 1,19 em Tóquio, o valor mais baixo desde março de 2006.
As bolsas asiáticas fecharam em queda, devido a temores de uma segunda crise econômica e aos números pouco animadores de criação de empregos nos Estados Unidos divulgados na sexta-feira.


No Japão, o principal indicador da bolsa de Tóquio fechou em queda de 3,8%, a maior em 14 meses. Em Hong Kong, a queda do principal indicador superou 2%.


Já na Europa, a divulgação de números melhores que o esperado da produção industrial alemã alimentaram uma recuperação dos papéis.
Por volta das 14h na Grã-Bretanha (10h em Brasília), os principais índices acionários em Londres e Paris operavam com baixas de 0,45%, enquanto em Frankfurt o principal índice de ações registrava queda de 0,12%.
Na abertura, a bolsa de Londres chegou a registrar perdas de 1,6% e a de Paris, 1,9%.


O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que a "crise da dívida" deixada pelo governo anterior, é "pior que o esperado".
Seu governo já anunciou que cortará 6,2 bilhões de libras esterlinas (cerca de R$ 16,5 bilhões) ainda neste ano fiscal para combater o déficit.


O líder conservador afirmou que o governo trabalhista, que ocupou o poder nos últimos 13 anos, "desequilibrou" a economia do país ao permitir um crescimento "insustentável" do setor financeiro, do gasto público e da imigração.


Conclusão


Nem sempre crescer é bom. Nem sempre "encolher" é ruim. 


O cenário da economia mundial ainda é muito delicado. De um lado erros grosseiros por parte das empresas que dão notas as economias, empresas, países. A impressão que dá é que nenhum dado é confiável hoje em dia. Tudo e todos se movem por interesses nem sempre muito claros. É tudo uma questão de marketing. 


Fonte: BBC