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terça-feira, 19 de abril de 2016

Para limpar balanço, Caixa repassa R$ 23 bilhões em ‘créditos podres’

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Por: Murilo Rodrigues Alves
Fonte: O Estado de São Paulo
Só em 2015, banco vendeu por R$ 493 milhões créditos de R$ 13 bilhões considerados de difícil recuperação; para analistas, repasse acaba distorcendo os índices de inadimplência
Depois de ser usada pelo governo como locomotiva de crédito para impulsionar a economia nos últimos anos, a Caixa Econômica Federal recorreu à venda recorde de R$ 23 bilhões em “créditos podres” – débitos considerados de difícil recuperação – desde 2014 para limpar o balanço da instituição.
No ano passado, o banco estatal vendeu R$ 13,1 bilhões a empresas especializadas na recuperação de dívidas, quase o triplo da soma das operações do mesmo tipo feitas pelos três principais concorrentes – Banco do Brasil vendeu R$ 3 bilhões, Itaú Unibanco, R$ 2,2 bilhões, e Bradesco não efetuou esse tipo de negócio. Pelas transações feitas no ano passado, a Caixa recebeu apenas R$ 439,3 milhões.
O Estado apurou que neste ano, em fevereiro, o banco colocou à venda mais R$ 1,5 bilhão da carteira de empréstimos inadimplentes de micro e pequenas empresas. Em 2014, a Caixa já tinha desovado R$ 8,3 bilhões em créditos em atraso que estava carregando no balanço, ou mesmo já baixados para prejuízo. Por essa venda, recebeu R$ 1,6 bilhão.
Depois de ser protagonista na expansão de crédito no Brasil nos últimos anos, com crescimento da carteira até superior a 40% ao ano, a Caixa passa por brusca desaceleração na concessão de empréstimos e financiamentos. Fechou 2015 com aumento de 11,9%, ritmo bem menor do que os 22,4% de 2014 e os 36,8% de 2013.
Com a recessão prolongada, a inadimplência aumentou, o que obrigou o banco a fazer provisões maiores para cobrir eventuais calotes. A exigência diminuiu o lucro do banco, que não contará com novas injeções do governo e depende de lucros retidos para reforçar o capital.
“A Caixa entrou numa série de linhas que nunca tinha entrado antes, foi muito agressiva na oferta de crédito, viu a inadimplência subir e não tem a expertise na recuperação de inadimplentes”, afirma Guilherme Ferreira, da Jive, empresa de recuperação de dívidas.
O banco, seguindo recomendação do governo, seu controlador, entrou nas operações de crédito a empresas. Também foi obrigado a tocar o Minha Casa Melhor, linha de financiamento de até R$ 5 mil para compra de móveis e eletrodomésticos para os beneficiários do Minha Casa Minha Vida. A inadimplência do programa, rejeitado pela equipe técnica do banco, é de 35,2%, enquanto a taxa de calotes de linhas similares oferecidas pela rede bancária é de 10%.
Distorção. O banco de investimento JP Morgan disse, na análise do balanço da Caixa de 2015, que a venda de carteiras “podres” distorceu o índice de inadimplência do banco. O índice fechou o ano passado em 3,55%, acima dos 3,26% registrados em setembro. Pelos cálculos do JP Morgan, se não fosse a venda de carteiras, o indicador teria sido de 3,89%.
Para especialistas do setor, a Caixa errou na forma como tornou pública a operação, sem dar detalhes do impacto da venda de créditos que ainda carregava no balanço do banco na taxa de inadimplência.
Do volume vendido no ano passado, 20% foram comprados pela Ativos, que pertence ao Banco do Brasil. Das vendas de 2014, 87% foram comprados pela Emgea, empresa pública criada pelo governo para absorver prejuízos dos bancos oficiais com devedores.
Em nota, o banco afirmou que a cessão de carteiras “não performadas ou de baixa possibilidade de recuperação” é uma boa prática de gestão bancária utilizada por bancos no Brasil e no mundo. “Possibilita a renovação dos ativos e a liberação de recursos para aplicação em novas operações”, disse.
A Caixa afirmou negociar com todas as empresas especialistas em recuperação antes de fechar a venda. “A contribuição dessas cessões para o resultado do banco é pequena e seu principal objetivo é renovar os ativos e ganhar eficiência operacional, mantendo o foco da administração e o uso do capital em operações de maior rentabilidade.”

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Recuperação de ′crédito podre′ ganha fôlego no país

Fonte: Folha de São Paulo e blog Televendas & Cobrança

Por: Renata Agostini e Joana Cunha
Foi vasculhando as redes sociais que os executivos da Jive, firma paulista especializada em recuperação de crédito, conseguiram encontrar o que há anos um devedor negava existir: dinheiro.
O empresário devia mais de R$ 40 milhões e jurava não ter de onde tirar. Seus filhos, no entanto, publicavam no Instagram fotos de passeios de lancha em Angra dos Reis, balneário famoso por reunir endinheirados do eixo Rio-SP.
Atrás da pista, a Jive identificou que a lancha estava em nome de uma empresa no Uruguai, cujo representante era advogado do devedor. Em Angra, o marinheiro da lancha disse que o caloteiro em questão era seu patrão.
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Empresas como a Jive, que se dedicam a caçar devedores, devem ter mais trabalho daqui para frente. O mercado de venda de “créditos podres” avança no país.
Itaú, Bradesco e Caixa iniciaram o ano com planos de passar à frente carteiras que somam bilhões em créditos não pagos por seus clientes.
Segundo apurou a Folha, o Bradesco está finalizando o processo de venda de cerca de R$ 400 milhões em financiamentos feitos a empresas.
A ideia da Caixa é fazer ao longo do ano ofertas de créditos de pessoas físicas e empresas no total de R$ 9 bilhões.
Já o Itaú estuda repassar, neste semestre, créditos de empresas que somam R$ 3,5 bilhões – a operação deve ser coordenada pelo Itaú BBA.
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Bradesco e Itaú não quiseram comentar. A Caixa afirmou, por meio de nota, que manterá neste ano a estratégia de cessão de créditos, mas “valores e condições” ainda não foram fechados.
INCENTIVOS
Ao contrário dos Estados Unidos, onde a venda de “créditos podres” é um negócio ativo, no Brasil, trata-se de um setor que engatinha diante da baixa oferta pelos grandes bancos nacionais.
Capitalizados, eles vinham preferindo manter os créditos após as tentativas de cobrança. O aumento da inadimplência, porém, incentiva as instituições a repassarem o estoque de devedores.
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 ”Para os bancos faz mais sentido focar no negócio principal, que é dar crédito, e cuidar de clientes que têm atraso curto”, diz Alexandre Nobre, sócio da RCB, que desde 2008 atua neste mercado.
Com a operação, a remuneração é imediata para o banco, mas sempre menor do que o valor tomado. A Jive, por exemplo, usou R$ 112 milhões desde 2010 para cobrar R$ 4,5 bilhões em créditos cedidos por diferentes instituições (menos de 3% do valor emprestado).
O surgimento de empresas e fundos especializados como Jive, RCB e Recovery, do BTG Pactual, dá segurança aos bancos e impulsiona as operações. “É um mercado que está mais testado”, diz Márcia Yagui, diretora da KPMG no Brasil.
A consultoria estima que sejam transacionados cerca de R$ 20 bilhões em créditos em 2015 –não há dados oficiais sobre a venda dessas carteiras no país.