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quinta-feira, 19 de março de 2015

2015 - A Instabilidade da economia e o mercado de cobrança?

Todos os dias somos metralhados por uma gama de informações catastróficas... Todas sinalizam que o Brasil está derretendo...
Os números da corrupção só fazem subir, a máquina de desviar dinheiro (Petrobrás) se fosse uma empresa privada já teria falido a muito tempo.... 
O efeito contaminação é inevitável, o ajuste da economia tem que se ser feito.. gostemos ou não... Vender menos, produzir menos...e cobrar menos - é o mais provavel ... Custos ascendentes x receitas decrescentes. 
Será um ano de profundos ajustes, não só para o Brasil, mas também para nossas empresas... A crise não é passageira, mas não conseguimos precisar o tempo que ficará por aqui - os mais otimistas falam em dois anos de crescimento negativo....
O que fazer então?
Em minha opinião é hora de rever todos os processos da empresa. Colocar no papel como é feito e quanto custa cada processo realizado na empresa. Melhorar esses processos não custa tão caro e traz resultados no curto prazo. Investir no capital humano, com muito treinamento interno e politicas motivacionais. Reavaliar sua metodologia de cobrança e fazer uma grande reprogramação neurolinguística em toda a empresa. Sim, isto funciona. Torne-se a empresa que seu cliente imagina que você é, mas seja principalmente a empresa que você imagina que é... para seu proveito, para proveito de seus colaboradores e para proveito do Brasil. Faça a diferença.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Brasil fora da Libertadores da economia


Por Armando Castelar Pinheiro - Valor Econômico

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre surpreendeu negativamente. Ele mostrou que, a despeito da desvalorização do real e dos muitos estímulos monetários, fiscais e creditícios, o Brasil cresceu apenas 0,6% em relação ao trimestre anterior, metade do que se estimava. Essa surpresa levou a dois tipos de reação. A primeira foi questionar o trabalho do IBGE, a segunda culpar a crise internacional pelo fraco desempenho.
Ambas, a meu ver, deixam de lado o principal: se o nosso modelo econômico é adequado para os tempos de hoje.
Questionar os números do IBGE é válido e, até certo ponto, fácil. É válido porque naturalmente as metodologias das contas nacionais sempre podem ser aprimoradas. A crítica bem-intencionada também ajuda a manter o IBGE vigilante, o que é bom para a sociedade. Desde que, é claro, não constranja a autonomia técnica e operacional da instituição, como ocorre em nosso vizinho do sul. É fácil porque as contas nacionais, aqui e em qualquer país, são obtidas com base em inúmeras aproximações e não por outra razão são revistas quando novas informações ficam disponíveis.
A atividade desacelerou por causas internas, por problemas no modelo, não devido a um choque externo
Será, porém, que as questões levantadas mudam qualitativamente as conclusões? Minha impressão é que não: se o PIB tivesse crescido o dobro (1,2%) no trimestre, a expansão em quatro trimestres teria sido de 1%, contra os 0,9% efetivamente observados. Na mesma, apontaria para um crescimento medíocre em 2012.
Esse fraco desempenho tem sido atribuído à crise internacional. Sem dúvida a crise ajudou a conter o investimento em setores como extrativa mineral, mas esse setor responde por apenas 3,7% do PIB. A desaceleração chinesa também não explica a queda do crescimento: as exportações para a China correspondem a apenas 1,8% do PIB. A China precisaria ter entrado em total colapso para causar a desaceleração observada no Brasil.
A conclusão é a mesma quando se compara o Brasil com outros países latino-americanos. Quero aqui me ater ao que considero hoje o G-4 da região: Chile, Colômbia, México e Peru, os quatro signatários da Aliança do Pacífico, que juntos formam um Brasil: 209 milhões de habitantes e PIB de US$ 2 trilhões. Na média do sexênio 2005/10, o crescimento brasileiro ficou em 4,3% ao ano, igual ao Chile, melhor do que o México (2%) e abaixo de Colômbia (4,6%) e Peru (7,2%). Já no biênio 2011/12, a expansão média brasileira (1,8% ao ano) deve ser uma fração da desses países (5,1%, 3,8%, 5,3% e 6,2%, respectivamente). Como explicar que só no Brasil a crise derrubou o crescimento?
Há, portanto, um erro de diagnóstico: a economia brasileira desacelerou por causas internas, por problemas no nosso modelo, não devido a um choque externo. Em especial, o Brasil vem adotando um modelo que, sem os radicalismos de Argentina e Venezuela, também se caracteriza pelo intervencionismo estatal, o fechamento da economia e a maior tolerância com a inflação. Alguns indicadores ajudam a ilustrar:
O Brasil tem uma carga tributária (35% do PIB em 2011) bem mais elevada que os países do G-4: na Colômbia, cuja carga mais se aproxima do Brasil, essa é de apenas 23% do PIB. Na América Latina, apenas a Argentina rivaliza com o Brasil nesse indicador.
A economia brasileira é muito mais fechada ao comércio exterior: em 2011, a razão entre a soma de exportações e importações de bens e serviços não fatores e o PIB foi de 25% no Brasil, contra 37% na Colômbia, 52% no Peru, 65% no México e 78% no Chile.
Na média do quadriênio 2009/12, a inflação no Brasil deve ser de 5,4%, contra 4,2% no México, 3,3% na Colômbia, 2,9% no Peru e 2,3% no Chile.
Na edição deste ano do Doing Business, o Brasil aparece na 130ª colocação em termos de ambiente de negócios, entre 185 países, enquanto México, Colômbia, Peru e Chile ocupam, respectivamente, a 48ª, 45ª, 43ª e 37ª posições.
Não surpreende, assim, que o Brasil invista menos que os países do G-4: na média do período 2005-11, nossa taxa de investimento foi de apenas 18,7% do PIB, igual à média dos últimos quatro trimestres (18,5% do PIB), enquanto Chile, Colômbia, Peru e México tiveram taxas médias de 22,5%, 22,7%, 22,8% e 25,2% do PIB, respectivamente.
Da mesma forma, não surpreende que, apesar de todo o interesse de empresas estrangeiras no Brasil, o país receba proporcionalmente menos investimento direto estrangeiro que os países do G-4: na média de 2005-11, 2,2% do PIB, contra 2,3% do PIB no México, 4,2% do PIB na Colômbia, 4,6% do PIB no Peru e 7,3% do PIB no Chile.
Chile, Colômbia e Peru têm ótimo desempenho econômico há mais de uma década. O México não foi tão bem, mas muitos acreditam que possa repetir o crescimento do Brasil na década passada, com base na crescente competitividade, na recuperação americana e na expansão do crédito. O grande risco é que, enquanto o México vira o "novo Brasil", o reverso também ocorra: o Brasil virar um México, um país política e economicamente estável, sem risco de grandes crises, mas que cresce pouco.
Armando Castelar Pinheiro é coordenador de Economia Aplicada do IBRE/FGV e professor do IE/UFRJ. Escreve mensalmente às sextas-feiras.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Brasil cresce 0,4% no 2o tri; agropecuária é destaque--IBGE



RIO DE JANEIRO, 31 Ago (Reuters) - A economia brasileira cresceu 0,4 por cento no segundo trimestre deste ano quando comparada com o primeiro trimestre, com destaque positivo para a agropecuária. Embora seja o melhor número trimestral em um ano, ele mostra uma recuperação ainda bastante tímida da atividade.
Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, na comparação com o segundo trimestre de 2011, o crescimento foi de 0,5 por cento, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve queda de 1,5 por cento.
O IBGE informou também que revisou para baixo a expansão do primeiro trimestre sobre os três meses anteriores, de 0,2 para 0,1 por cento.
Pesquisa Reuters indicava crescimento de 0,5 por cento na comparação trimestral, segundo a mediana de previsões de 43 analistas. Na medida anual, a mediana de 41 previsões apontava para uma expansão de 0,7 por cento. As projeções variaram de 0,2 a 0,8 por cento para o crescimento trimestral e 0,4 a 1,6 por cento para o anual.
INDÚSTRIA SEGUE PATINANDO
A agropecuária cresceu 4,9 por cento sobre janeiro e março passados e o setor de serviços, 0,7 por cento. No período, o consumo do governo teve expansão de 1,1 por cento, enquanto que o das famílias, 0,6 por cento.
Já a indústria continuou mostrando mau desempenho, com retração de 2,5 por cento no período. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, também foi mal, com recuo de 0,7 por cento.
O governo vem se esforçando para recuperar a economia brasileira, afetada pela crise internacional, com contínuas medidas de estímulo, que vão desde desonerações fiscais e melhores condições de financiamento aos investimentos.
O objetivo é garantir crescimento de 4,5 por cento no próximo ano, número que está sendo encarado como uma meta "ousada" pelo governo.
Para 2012, o mercado acredita que o PIB crescerá menos de 2 por cento, o que, se confirmado, representará o pior desempenho desde 2009, quando a economia encolheu 0,3 por cento por conta da crise internacional.

sábado, 9 de junho de 2012

A estratégia de câmbio e juros do BC


O desempenho decepcionante do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre não muda a estratégia da política de juros do Banco Central (BC). O crescimento de apenas 0,2% da economia já estava na conta do BC, que, por meio do IBC-Br, indicador que estima o comportamento da atividade econômica, projetara expansão de apenas 0,15% entre janeiro e março.

Se nada de extraordinário ocorrer até a próxima reunião, marcada para 11 de julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoverá mais uma redução de 50 pontos-base na taxa básica de juros (Selic), fixando-a em 8% ao ano. Dado o elevado grau de incerteza da economia mundial e de seus efeitos sobre o Brasil, o movimento seguinte do Comitê ainda é incerto. As indicações do que será feito serão dadas apenas em meados de junho, à época do próximo encontro do Copom.
O ambiente internacional, variável-chave no cenário com que o BC trabalha, é dado por baixo crescimento na Europa, com recessão em alguns países; recuperação moderada da economia americana; e pouso suave da China (crescimento entre 7,5% e 8%). Esse quadro só se altera se houver um evento nas próximas semanas.
Real se move, desde maio, alinhado com o dólar index
No ano passado e no início deste, "evento" poderia ser a quebra de um banco ou o calote de um governo. Agora, evento seria, por exemplo, a saída da Grécia da zona do euro. Está na conta, mas há o contágio. "Tem gente que diz que, diante disso [da saída da Grécia do euro], os governos europeus farão mais sacrifício. Podem até fazer, mas o problema são os mercados. 'Who's next?' (quem é o próximo) é a pergunta que os mercados vão fazer", pondera uma autoridade brasileira.
O Banco Central tem convicção de que está no caminho certo ao testar novos patamares para a Selic, que já se encontra no menor valor histórico. O mundo piorou de janeiro para cá e a melhor indicação disso é a cotação do título de 10 anos do Tesouro americano. Trata-se do ativo de maior liquidez do planeta. Sua cotação chegou a bater em 2,4% ao ano e, agora, está abaixo de 1,5%.
De janeiro a março, as bolsas de valores, movidas pelo excesso de liquidez provocado pela atuação dos principais bancos centrais, chegaram a acumular ganho médio de 20%. De lá para cá, já perderam tudo e muitas estão em terreno negativo. "Estava todo o mundo surfando num inverno ameno, inclusive, o México. O cenário mudou", diz um integrante da equipe econômica.
Esse cenário tem derrubado, por um lado, a confiança dos empresários nacionais, o que deprime a taxa de crescimento da economia, mas, por outro, tem ajudado a desinflacionar os preços internacionais. Isso auxiliou o BC a reduzir a inflação acumulada em 12 meses aqui dentro - de 7,3% para 5,1% entre setembro de 2011 e abril de 2012 - e a diminuir a taxa de juros.
"Estamos explorando novas realidades", explica uma fonte graduada, reagindo às críticas de que o BC só pensa em crescimento. "O crescimento da economia vem abaixo do potencial há alguns trimestres, logo, você não vai ter pressão inflacionária pelo lado da demanda."
Como o cenário internacional não indica a ocorrência de choques de oferta, o governo avalia que há um conforto, do ponto de vista dos preços, que permite ao BC continuar baixando os juros. Os preços das commodities estão em queda há semanas. A variável que poderia complicar a equação é a taxa de câmbio, que, com o agravamento da crise, tende a desvalorizar-se, pressionando os preços dos produtos importados.
Nessa seara, o BC já promoveu um freio de arrumação, com intervenções no mercado de câmbio. Em março e um pouco em abril, quando o humor lá fora começou a mudar de forma acentuada, o BC deu fôlego ao processo de desvalorização do real em relação ao dólar. A depreciação já ocorreria naturalmente, graças à piora dos termos de troca (a relação entre preços de produtos exportados e importados). Mas o BC optou por dar força ao movimento, como se aproveitasse a oportunidade para colocar o real num novo patamar - que o mercado hoje identifica como sendo R$ 2,00.
Num dado momento, a desvalorização acentuada do real provocou uma piora na percepção dos investidores, principalmente de estrangeiros, que antes estavam mais otimistas com o país do que os nacionais. Desde então, o BC decidiu alinhar os movimentos do real aos do dólar index (US Dollar Index), indicador que mede o valor do dólar dos Estados Unidos em relação a uma cesta de moedas.
Segundo o Valor Data, de 30 de abril até ontem, o dólar index variou 5,1%. No mesmo período, o real teve desvalorização de 5,5%, enquanto o peso mexicano teve depreciação de 8,5%. Ainda no mesmo período, duas moedas, de países também exportadores de commodities como o Brasil, tiveram desempenho em linha com o dólar index: o dólar canadense (desvalorização de 4,9%) e o dólar australiano (-6,6%).
"O real está alinhadíssimo", diz uma fonte, lembrando que o México, o atual "queridinho" do mercado, teve desvalorização muito mais forte desde o fim de abril. "Nós não temos uma meta de câmbio, mas geralmente quando você vê o negócio 'despegando', é porque tem alguma disfuncionalidade. Então, o BC atua."
Um assessor do governo lembra que o regime de câmbio é flutuante e que ele é a primeira linha de defesa em caso de crise. "Se tiver um evento de cauda, o dólar vai para aonde tiver que ir. Só que não vai se sustentar. Você não vai subsidiar a saída."
O BC acredita, como declarou ontem o presidente Alexandre Tombini no Congresso Nacional, que a economia vai acelerar nos próximos trimestres, principalmente no segundo semestre. A presidente Dilma Rousseff já estaria consciente, porém, de que, em 2012, dificilmente o PIB avançará mais de 3%. A dúvida do governo é se abre mão da meta de superávit primário de 3,1% do PIB para estimular a economia.
Nas conversas internas, Dilma tem dito que a crise na Europa é séria, mas que, quando passar, "daqui a dois ou três anos", o velho continente voltará forte, com uma ou várias moedas, mas com bons fundamentos (custo de capital e de mão de obra baixos, produtividade elevada). Para o Brasil, que não está em crise, a receita é se posicionar bem. Por isso, o governo trabalha para reduzir custo de capital, qualificar a mão de obra, diminuir a carga tributária e investir em infraestrutura.
Cristiano Romero - Valor Econômico

domingo, 20 de maio de 2012

Exauriu a expansão pelo consumo



Por Claudia Safatle - Valor Econômico
O grande motor da retomada do crescimento interno após a crise global de 2008 foi a expansão do crédito, puxada pelos bancos públicos, que sustentou o aumento do consumo e transformou recessão em crescimento num curto espaço de tempo. O crédito, que representava 38,4% do Produto Interno Buto (PIB) em agosto de 2008, antes da quebra do Lehmann Brothers, saltou para 49,1% do PIB em dezembro do ano passado.
Nesse período, porém, alguns bancos privados afrouxaram seus critérios de avaliação de risco e chegaram a sofrer um "subprimezinho" nas linhas de financiamento para aquisição de veículos. A inadimplência cresceu bastante, principalmente nesses financiamentos, as famílias estão com parcela relevante da renda comprometida com o pagamento de dívidas e parte do sistema bancário se dedica, agora, a fazer uma "limpeza" nos seus balanços.
Crescer pelo estímulo ao consumo mediante maior oferta de crédito, portanto, parece não ser mais uma receita disponível para o país. O governo está tentando, de certa forma, repetir a dose, ao colocar os bancos públicos na dianteira da expansão do crédito a juros mais módicos e pressionar as instituições privadas a fazer o mesmo. Por esse canal pode-se até conseguir alguma coisa, mas pouca porque o espaço das famílias para o endividamento é restrito.
O crescimento deve vir do aumento do investimento
O desafio continua sendo o de elevar a taxa de investimento tanto público quanto privado. Todo o esforço da área econômica do governo Lula para reagir ao "crash" de 2008 foi insuficiente para encorpar a taxa de investimento como proporção do PIB, mesmo com os volumosos repasses de recursos para o BNDES.
As iniciativas para acelerar os investimentos por meio de concessões de serviços públicos esbarraram em discussões ideológicas e só agora começaram a se concretizar.
O aprofundamento da crise internacional encontra a economia brasileira tentando se reanimar do forte desaquecimento ocorrido no segundo semestre do ano passado. Como tem sido noticiado, os indicadores de produção mostram que a recuperação está lenta e será uma façanha se o PIB este ano crescer muito mais do que os 2,7% do ano passado.
A percepção de que o crescimento em 2012 será modesto já se dissemina no governo e ficou clara nas palavras do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que em entrevista recente comentou: "Ter um piso de 2,7% está é muito bom."
Outra visão que começa a se modificar é a do ânimo dos investidores internacionais com relação ao Brasil. Com elevada reputação por ter colocado as finanças públicas em ordem, ter um sistema financeiro sólido, um imenso mercado interno e instituições democráticas, dentre outros atrativos, o país passa, no entanto, por uma reavaliação. Mais recentemente, fala-se que o Brasil é um lugar caro, com elevada carga tributária, controle de capitais e onde o ativismo do governo embaralha a percepção de para onde o país pretende realmente ir.
Com a Europa novamente à beira do abismo, a economia americana em marcha lenta e os indicadores do nível de atividade na China em rápida deterioração, o ambiente externo gera enormes desconfianças para fomentar decisões de investimentos. E o ambiente interno não produz conforto para os empresários ampliarem a produção.
Ao mesmo tempo, o quadro global continua a ser desinflacionário, o que reforça o caminho do corte da taxa de juros, a Selic, que em algum momento deverá estimular a produção. Mas há a resistência da inflação doméstica. A desvalorização do real e o possível fortalecimento do dólar decorrente da aversão ao risco no mercado mundial pressionaria a inflação interna. Isso, no entanto, poderia ser parcialmente compensado pela queda nos preços internacionais das commodities.
No balanço do que pode acontecer ressalta-se o fato de que está mais difícil para o Copom reduzir a inflação abaixo do patamar de 5% em que ela se encontra. Essa foi a conclusão de analistas de mercado que tiveram reuniões com o diretor do Banco Central, Carlos Hamilton, nos últimos dias. Para esses interlocutores, ficou a impressão de que o BC já admitiria uma inflação ligeiramente superior ao centro da meta de 4,5% para este ano - algo entre 5% e 5,5%. O presidente do BC, Alexandre Tombini, vez por outra, cita que no regime de metas que vigora desde 1999, apenas em três momentos - 2006, 2007 e 2009 - o IPCA ficou abaixo de 5,5%.
O BC nega que tenha jogado a toalha. Não está acomodado com a inflação acima do centro da meta este ano nem confortável com as expectativas do mercado de inflação de 5,5% para 2013. Portanto, os juros não vão cair, mas não a qualquer custo. E isso ficou claro na semana passada, quando a direção do BC corrigiu de pronto a leitura errada do mercado de que ele teria sinalizado cortes mais ousados da taxa Selic, podendo encerrar o ano com os juros na casa dos 7%. O BC recolocou a expressão "parcimônia" em seus textos.
Se não tem muito espaço no crédito e na expansão do consumo para reativar a economia, o governo conta com o afrouxamento "parcimonioso" das restrições monetárias e, numa hipótese extrema, com uma eventual flexibilização da meta fiscal.
Um novo problema que se apresenta é o da arrecadação de impostos, que está bem abaixo das projeções do Ministério da Fazenda, conforme informou o jornalista Ribamar Oliveira, em coluna publicada no Valor na quarta-feira e foi confirmado pelo governo. Uma alternativa para não ter que cortar gastos, penalizando os investimentos, seria reduzir a meta de superávit primário. E uma forma de reduzir a meta seria descontar da despesa pública parte dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lembram fontes oficiais.
Na reunião do fim deste mês o Copom poderá cortar a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,5 ponto percentual, para 8,5% ao ano, o que resultará numa redução de 400 pontos base na taxa de juros em nove meses (desde agosto de 2011). Essa substancial queda no custo do dinheiro vai se refletir na retomada da atividade econômica no segundo semestre, espera o governo.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

MELHOR NÃO MEXER NO TRIPÉ DA POLÍTICA ECONÔMICA



Passados nove meses de queda da taxa Selic, a produção industrial continua patinando e a inflação está em alta. O que deu errado?

Indicadores antecedentes da atividade industrial apontam para uma retomada da produção industrial e do PIB a partir do terceiro trimestre. Isso indicaria que talvez estivéssemos passando pelo fundo do poço do baixo crescimento da indústria. 

Contudo, a produção industrial caiu 0,5% em relação a fevereiro e essa queda foi generalizada entre os diversos segmentos. E ainda que seja possível uma recuperação da atividade industrial na segunda metade do ano, diversos fatores tendem a inibir essa recuperação, quando ela vier.

O crescimento sustentado da indústria em todo o mundo – e, por extensão, do PIB – depende hoje mais do crescimento da produtividade que de qualquer outro fator. 

O problema reside no fato de que a produtividade industrial no Brasil está estagnada. 

Junto a isso, vem ocorrendo um crescimento mais acentuado do custo unitário do trabalho do que da produtividade desse fator na indústria. Essa elevação do custo laboral tem a ver, em parte, com a rápida expansão do setor de serviços. Esse setor é o maior empregador da economia e o seu aquecimento tem mantido os salários altos no segmento e determinando, em parte, os salários na indústria.

Com baixo crescimento da produtividade do trabalho industrial e alta no salário 
real, não deveria surpreender que a indústria estivesse perdendo competitividade e que os importados  ganhando fatias crescentes nas despesas dos consumidores: a atividade industrial mostrou um recuo de 3% no primeiro trimestre do ano enquanto o comércio varejista cresceu 7% em fevereiro. 

Já do lado da inflação, a alta é generalizada. O IPCA mais que triplicou em abril relativamente a março; o IGP-DI dobrou no mesmo período; o IPC da Fipe subiu 0,55%; e o Dieese apurou que a cesta básica subiu em 15 das 17 capitais pesquisadas. Em quatro delas (Manaus, Fortaleza, Natal e Salvador), a alta média foi de 3,25%.

Para fazer face a esse quadro, o governo optou por uma estratégia calcada em três pilares. A primeira perna do tripé consistiu na redução acelerada na taxa Selic para induzir a queda da taxa de juros dos empréstimos dos bancos comerciais, como forma de financiar a compra de máquinas e equipamentos nacionais. A segunda perna, na redução seletiva da carga tributária de alguns setores industriais. E a terceira, em intervenções no mercado de câmbio para desvalorizar o real. 

Em seu conjunto, as medidas pretenderiam fortalecer o investimento industrial e, a partir dele, a retomada das vendas da indústria nos mercados interno e externo.

No entanto, o que se tem observado até agora é que a expansão do crédito foi voltada essencialmente para o financiamento do consumo, especialmente à compra de veículos, beneficiados inicialmente pela redução do IPI. O fim do benefício fiscal e o aumento da inadimplência cortaram fundo a produção e as vendas desse segmento.

Além disso, a expansão do crédito público a taxas de juros favorecidas, especialmente 
do BNDES, não tem induzido um aumento expressivo do investimento industrial.

No primeiro trimestre, a produção de bens de capital caiu 11,4%, frustrando as expectativas de aumento da produção industrial. 

A desvalorização do câmbio, resultado do conjunto de medidas já tomadas pelo BC, poderá ter efeitos positivos, mas em horizonte mais longo e de menor eficácia que em outras circunstâncias, dada a fragilidade da demanda internacional.

Finalmente, a queda da Selic não só não tem se refletido na mesma proporção na queda das taxas de empréstimo como aparentam ter pedido sua eficácia como instrumento de fomento ao crescimento industrial. Isso tem a ver com o aumento do custo laboral e o fraco desempenho da produtividade do trabalho industrial. 

Das três pernas do tripé da política econômica, as intervenções no mercado de câmbio atingiram seu objetivo de desvalorizar o real e restabelecer um patamar mínimo para a taxa de câmbio real, indispensável para retomada das vendas externas da indústria.

O sucesso da política de redução da taxa real de juros dependerá de uma queda no custo unitário da mão-de-obra vis-à-vis o aumento da produtividade do trabalho industrial. Não é tarefa para o curto prazo. Finalmente, a redução seletiva da carga tributária também não produziu os resultados esperados sobre a produção industrial como um todo. 

O grande risco que corremos, diante da frustração com os poucos resultados obtidos com a política em curso, é o aumento das pressões sobre o governo para intensificar as intervenções pontuais sobre a economia. Atendê-las somente agravaria o problema, em lugar de atenuá-lo.

Fonte: Diário do Comercio

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Brasil é o 'queridinho' dos mercados globais, diz Nobel de Economia


  • Paul Krugman, prêmio Nobel de economia (3º da esquerda para a direita), em seminário em SP
    Paul Krugman, prêmio Nobel de economia (3º da esquerda para a direita), em seminário em SP
  • Delfim: pressão vai fazer juros caírem mais
O Brasil é o destino favorito dos investimentos globais. Assim o prêmio Nobel de economia Paul Krugman definiu a posição do país em relação ao mundo, em palestra promovida hoje na capital paulista pelo Sebrae, serviço de apoio à empresa. Ele destacou que a tendência histórica de os países emergentes sofrerem com as crises mundiais não se confirma no cenário atual.
"Sempre que houve problema no G7, os emergentes sofriam mais, mas o mundo mudou. Isso não ocorre mais e os emergentes, principalmente o Brasil, foram bastante resilientes com relação à crise."
Segundo Krugman, enquanto os EUA acabam de atingir só agora, quatro anos depois, o patamar de PIB de 2008, o Brasil demonstra crescimento sólido e razoável. "Desde 2000, o país vive período muito bom, pela estabilidade e crescimento econômico que vem sendo melhor em relação ao passado, associado à redução da desigualdade, com políticas como o Bolsa Família, juntamente com a melhoria dos níveis de educação. Isso é uma história feliz."
No entanto, deve-se olhar a migração dos investimentos do eixo Norte para o Sul com cautela. "O mercado agora adora o Brasil, mas na última década eram a Espanha e Grécia os queridos do capital". Os dois países encontram-se hoje no epicentro da crise Europeia.
Outra razão para o país ficar alerta é a consequente sobrevalorização do real, que não é sustentável para os negócios da iniciativa privada, segundo ele. "Se o Brasil pudesse voltar à taxa de cambio de 2008, sem grandes disrupções seria bom."
Com relação à crise internacional, o economista acredita que uma solução ainda possível de ser adotada na Europa é a exclusão de países da zona do euro.  Já com relação aos EUA, a produção poderia ser cerca de US$ 1 trilhão superior ao que se registra hoje. "As pessoas estão há mais de um ano desempregadas e nosso sistema não está pronto para isso, os jovens estão encontrando dificuldade para encontrar trabalho."


sábado, 14 de abril de 2012

Novo cartão parcela dívida em até 200 vezes!



Novo-cartao-parcela-divida-em-ate-200-vezes
Por: Aiana Freitas - UOL Economa
Uma nova empresa de cartão de crédito chega ao mercado nos próximos dias prometendo parcelamentos em até 200 vezes, ou mais de 16 anos.  A expectativa da Shopcards é conquistar 2 milhões de clientes em um ano.
Mas não há garantia de que essas prestações realmente chegarão a 200. Quem vai definir isso serão os lojistas. Ainda não há nenhuma empresa operando efetivamente com o cartão.
Além do parcelamento de longo prazo, a empresa diz que vai oferecer condições diferenciadas tanto para os consumidores como para os lojistas.
A ideia é substituir os tradicionais carnês das lojas de móveis e eletrodomésticos e oferecer o cartão nos locais em que essa modalidade de pagamento geralmente não está disponível, como consultórios médicos.
Segundo o vice-presidente da Shopcards, Marcello Gimenez, assim como já acontece com os cartões tradicionais, em alguns casos os consumidores poderão parcelar as compras sem pagar juros.
Quando os parcelamentos forem mais longos, ainda assim as taxas serão inferiores àquelas encontradas em outras modalidades de crédito de longo prazo, segundo a empresa. “Ficarão entre 2,5% e 3%”, estima Gimenez.
Atualmente, a taxa média cobrada pelos bancos nas linhas de empréstimo pessoal, por exemplo, é de 3,81% ao mês, ou 56,63% ao ano, segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Taxa do rotativo será mais baixa que a média, diz empresa
De acordo com Gimenez, quem não conseguir pagar integralmente no prazo e tiver de entrar no crédito rotativo também pagará taxas inferiores às cobradas atualmente. Em fevereiro, a taxa média do rotativo estava em 10,69% ao mês, ou 238,3% ao ano, segundo a Anefac.
Caberá ao lojista decidir a quantidade de parcelas que será oferecida ao consumidor, assim como os juros cobrados. A promessa da Shopcards, porém, é que as taxas serão sempre menores que as médias encontradas hoje no mercado.
Tanto os juros mais baixos como o parcelamento de longo prazo serão condições impostas em contrato aos lojistas, segundo a empresa. Mas ela não revelou quais os juros mínimos e qual o prazo mínimo que as lojas terão de oferecer por contrato.
Os consumidores também não precisarão pagar anuidade. Para os lojistas, uma das vantagens será que eles não vão precisar pagar pelo aluguel da maquininha em que passam os cartões na hora da compra.
Gimenez afirma que o objetivo da Shopcards é popularizar o consumo. “O consumidor deixa de comprar mais por causa do seu limite de crédito”, afirma. Especialistas, porém, recomendam cautela aos consumidores no uso do parcelamento de longo prazo.
Cartão será oferecido em shopping de decoração
Uma das primeiras parcerias firmadas pela Shopcards foi com o Shopping D&D, em São Paulo, especializado em decoração. Uma incorporadora de imóveis também está entre as parcerias já feitas pela empresa.
Gimenez acredita que o parcelamento de longo prazo poderá ser interessante, entre outras situações, para a compra de viagens, móveis e artigos de decoração.
Ele cita o exemplo de quem compra um imóvel na planta e, com as chaves nas mãos, ainda precisa arrumar dinheiro para móveis, eletrodomésticos e objetos de decoração.
“Com o cartão será possível, na hora da compra do imóvel, já fechar também a compra da decoração em 200 vezes, por exemplo”, diz.

sábado, 11 de fevereiro de 2012


COLUNA NO GLOBO
Blog de Mirian Leitão em 11/02/2012

Contas em atraso

O sistema financeiro brasileiro carrega R$ 154 bilhões em crédito inadimplente. No ano passado, o estoque de dívidas com atraso acima de 60 dias cresceu 23%. Os números estão atraindo investidores estrangeiros especializados no segmento de crédito podre. A inadimplência no financiamento de veículos cresceu 133% em 2011, ritmo cinco vezes mais rápido que o crédito concedido ao setor.
Não estamos à beira de uma crise como a que outros países viveram, mas temos que olhar com mais respeito os números. Se o mercado de crédito no Brasil está crescendo muito rápido, também é veloz o ritmo do volume de inadimplência. Preocupados com o efeito desse crédito ruim sobre seus balanços, os bancos revendem os ativos a preços baixos para investidores especializados em cobranças de longo prazo.
— É muito caro para um banco tentar recuperar um crédito vencido há mais de 180 dias, por exemplo. Esse tipo de cobrança foge da sua estrutura. Muitos preferem vender essas carteiras a outros investidores, especializados nisso. Apesar do prejuízo, os bancos melhoram o perfil de suas carteiras e recuperam parte do dinheiro emprestado — explicou o economista Paulo Bittencourt, da Apogeo Investimentos.
A KPMG registrou em relatório que só o Santander vendeu R$ 16 bilhões em créditos podres. Aceitou levar um prejuízo de pelo menos 85%. Ou seja, se tinha, por exemplo, uma carteira que valia R$ 100, o banco revendeu a outros investidores por R$ 15. Pela lógica dos bancos, é melhor recuperar R$ 15 e tentar alguma rentabilidade sobre esse valor do que correr o risco de perder os R$ 100 e ainda ter que dizer ao mercado que carrega esse mico. Já para o investidor que compra, as chances de lucros grandes são altas, caso ele consiga fazer com que o devedor pague.
A provisão que os bancos têm que fazer para carteiras de crédito com a mais baixa qualidade subiu 22% no ano passado, de R$ 51 bilhões para R$ 64 bi. Esse é o volume total de atrasos maiores que 180 dias, que são classificados com a letra H pelo Banco Central. Quando o crédito entra nessa classificação, o banco é obrigado a fazer uma reserva de 100% do valor concedido. A provisão feita pelos bancos estrangeiros aumentou 35%.
A KPMG, que presta consultoria para bancos e investidores que querem atuar nesse mercado, estima que, além dos R$ 154 bilhões de crédito em atraso no país, há outros R$ 150 bi contabilizados como perdas pelos bancos, porque ultrapassaram o período de 365 dias inadimplentes. Segundo Salvatore Milanese, líder da área de reestruturação da KPMG, o crescimento do crédito no ritmo de 20% ao ano está chamando atenção de investidores estrangeiros especializados em inadimplência.
— Os investidores sabem que tudo o que cresce a uma taxa de 20% ao ano uma hora terá que sofrer correção, porque nada pode subir indefinidamente até o céu. A taxa é insustentável, e quem olha para os exemplos históricos percebe isso. Quando comecei nesse mercado, em 2001, o percentual de crédito H era 1%. Hoje, subiu para 3%. Existe uma enorme correlação entre o crescimento forte do crédito e a alta do crédito inadimplente — afirmou.
O que preocupa nesses números é que 42% do crédito em atraso no Brasil são de consumidores. Ou seja, muitos brasileiros que estão sendo estimulados a fazer financiamentos não estão conseguindo pagar as contas.
O economista Felipe Queiroz, da Austin Rating, aposta que os atrasos não devem crescer tanto este ano porque a perspectiva é de crescimento da economia. Mas alerta que uma mudança brusca na Europa, que afete os níveis de emprego no país, tornariam o quadro pior:
— A expectativa é que a inadimplência não aumente. Temos a economia com projeção de crescimento, aumento do salário mínimo, redução da Selic. Tudo vai facilitar os pagamentos. O que pode dar errado é um agravamento da crise na Europa. Uma recessão profunda por lá que tenha reflexo nas nossas exportações e na oferta de crédito.
Os economistas costumam olhar só o crédito/PIB e dizer que, na comparação com outros países, os nossos 49% são baixos. Mas aqui o dinheiro é caro demais. Um vento contra pode complicar. Por isso, é hora de olhar esses números com lupa.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

IPI dos veículos importados – um caso para a FIFA ou para a FUNAI?

Ainda é recente a lembrança dos vinhos ruins que éramos obrigados a tomar antes do final da década 1980, em face dos desacertos praticados pelos gestores de nossa economia. Naquela época, tudo, absolutamente tudo que fosse estrangeiro, não importando se dissesse respeito a bebidas, roupas, máquinas ou mesmo veículos, era proibido ser importado ou consumido.
A justificava de nossas autoridades era a de que não permitindo a entrada de produtos estrangeiros no Brasil, nossas indústrias estariam protegidas da concorrência dos importados e, assim, gerariam e manteriam maior quantidade de empregos internamente.
Foi só no Governo Collor que esta política foi modificada. E pasmem, de lá para cá, nossa indústria, nossos serviços e nossa qualidade de vida avançou significativamente, destruindo as fórmulas protecionistas (nacionalistas) anteriores. A abertura de nosso mercado, ao contrário do que previam os protecionistas, além de trazer melhor produtividade, gerou milhares de empregos, divisas e desenvolvimento econômico.
Estes avanços se devem ao fato de que a importação de produtos, serviços e tecnologia, trouxeram aos nossos empresários, empresas e ao Governo Brasileiro novos padrões de qualidade e produtividade.
E isto já ocorreu antes do Collor. Quando o Brasil foi descoberto pelos portugueses, nosso mercado foi aberto para os europeus, fato que provocou desenvolvimento sem o qual ainda estaríamos vivendo como os índios de nossas reservas, ou seja: em ocas e dependendo - todos nós - de alguma espécie de FUNAI.
Mas na contra mão da abertura de mercado ocorrida em 1990, por orientação da então Ministra Dorothéa Werneck, em 1993, também sob o falso pretexto do protecionismos a nossa indústria e empregos, aumentou-se o imposto sobre os veículos importados – elevando-o de aproximadamente 15% para 35%.
Citado aumento, em curto espaço de tempo, por não ter trazido os efeitos pretendidos foi eliminado, a bem do crescimento e desenvolvimento nacional. Naquela época, como agora certamente ocorrerá, o aumento do imposto só serviu a três interesses: (1) gerar quebra e desemprego no meio dos importadores e revendedores de veículos importados; (b) permitir que as indústrias de automóveis nacionais aumentassem seus preços sem medo da concorrência; (3) desacreditar o Brasil na comunidade internacional, retardando, até pouco tempo, a introdução de nosso país como importante player internacional.
Por estas razões causa estranheza que o atual Ministro da Fazenda, Guido Mantega, utilize mesmos e superados argumentos da década de 80, e do início da década de 1990. Principalmente porque já é de conhecimento das indústrias e do mercado brasileiro, que para melhorar a competitividade, ao invés de se suplicar por protecionismo, condenado até na OMC, deve-se buscar apoio governamental na criação de incentivos e isenções fiscais voltadas ao incremento da pesquisa, educação e investimentos em qualidade, competitividade e produtividade.
Todavia, parece que nossos políticos e os executivos das montadoras nacionais, sempre andam para trás. Desconsideram, inclusive, o exemplo e o sucesso dos burocratas da FIFA, ou mesmo da CBF. Enquanto no setor automotivo só pede proteção de mercado e aumento de impostos, a fim de proteger a indústria nacional, no setor futebolístico, os Cartolas obtêm bilhões de reais para construir estádios, em um país que já possui estádios. Os Cartolas obtém isenção e não aumento de impostos. Todo o material de construção e da cadeia produtiva a eles ligados, quando disser respeito a construções de estádios, metrôs, hotéis e outras operações ligada a copa. O argumento de buscar investimento é tão forte que até serve, como no Maracanã, p. ex. , para justificar que se construa o mesmo estádio pela terceira. O Incentivo é tanto, que somado o que se gastou para construir "os 03 Maracanãs", a União terá gasto,- até 2014 – só nesta obra, mais de 1,6 bilhões de reais.
Mas nossos políticos e montadoras de veículos só sabem pedir e defender "protecionismo". O quadro fica pior se quando trazemos à lembrança o episodio protagonizado pelo então Presidente Itamar Franco: ele reabriu a fábrica dos velhos "Volkswagen fuscas", utilizando a absurda justificativa de que a iniciativa geraria empregos.
Por esta razão o Governo e políticos brasileiros não podem esquecer que as importadoras de veículos - nestes dois últimos anos - construíram mais de 2000 revendas autorizadas em nosso Brasil, gerando e treinando mais de 25.000 empregos diretos em suas oficinas e lojas, em um investimento crescente que já resultava em quase 100 mil empregos indiretos.
Se este argumento não é suficiente, devemos garantir que as indústrias brasileiras continuem a enfrentar uma concorrência de veículos importados que as faça desenvolver até alcançarem competitividade e tecnologia igual. Ao contrário disto, às industrias de veículos estrangeiros deverão se associar à FIFA ou mesmo na CBF, a fim de que sejam melhor representadas, para explicar que desenvolvimento econômico e geração de empregos se obtém é com incentivo fiscal e investimento em tecnologia, e não com protecionismo.
Talvez os Cartolas da FIFA também consigam explicar que os veículos importados só representam 5,9% do total comercializado no Brasil, sendo mentira que a manutenção ou o pequeno aumento deste percentual possa representar a quebra da indústria brasileira.
Nosso maior problema, não é a importação de veículos, mas sim os 109 impostos cobrados pelo Governo de todas indústrias e profissionais brasileiros. Isto torna retira toda a competitividade dos serviços e produtos brasileiro,
Se isto não mudar, logo logo, todos nós precisaremos de ajuda da FUNAI ou da FIFA. - Ou será que a cultura e a tecnologia dos europeus, coreanos, japoneses, norte americanos e chineses só nos fazem mal?
Dr. Édison Freitas de Siqueira
Presidente do Instituto de Estudos Econômicos e dos Direitos dos Contribuintes
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