Tudo acontece numa área de apenas 2,6 quilômetros quadrados, a chamada Tech Mile (milha tecnológica), no coração de Tel Aviv. O ponto central é a arborizada Boulevard Rotschild, apelidada de Avenida do Silício, em referência ao vale da Califórnia. Lá, entre pubs e cafés, microempresários e aspirantes buscam inspiração e financiamento para novas ideias e produtos de tecnologia. A atmosfera jovem, informal e vibrante da área transformou a cidade israelense de 400 mil habitantes e 50 quilômetros quadrados num dos maiores celeiros de inovação do mundo. Nada menos do que 800 empresas de tecnologia embrionárias — as chamadas startups — atuam no momento em Tel Aviv. A cidade também concentra 1.200 empresas high tech em estágios mais avançados, inclusive filiais de gigantes como Google, Intel, eBay e HP.
Ao todo, Israel tem mais de quatro mil startups num país de oito milhões de habitantes e com área menor do que o estado de Sergipe. Isso significa uma empresa para cada duas mil pessoas, a maior proporção do mundo, e dez vezes mais do que os EUA. Israel tem o terceiro maior número de empresas listadas na Bolsa de Valores de Nova York e na Nasdaq, atrás apenas de EUA e China. O motor dessa locomotiva é, sem dúvida, Tel Aviv. Na cidade e arredores (a chamada Grande Tel Aviv, com três milhões de habitantes) ficam 37% das startups e 40% dos projetos de pesquisa e desenvolvimento de grandes empresas do país.
Um terço da população de Tel Aviv é formada por jovens de 18 a 35 anos, que circulam por 1.700 pubs, restaurantes e cafés, além de centros de cultura, entretenimento e finanças. Em 2011, a revista “Lonely Planet” colocou a cidade em terceiro lugar no rol de destinos mundiais (depois de Nova York e Berlim) e, este ano, a cidade foi votada como melhor destino gay do mundo pela American Airlines e pelo site GayCities.com.
— Há algo incrível na concentração de pessoas e empreendedores em Tel Aviv, em ser uma comunidade tão pequena. Todo mundo conhece todo mundo, todos ajudam um aos outros — diz o advogado e empresários israelense Gilad Tuffias, de 25 anos, fundador da encubadora de startups TechLoft, por onde já passaram 60 microempresas em expansão. — É aqui que as coisas estão acontecendo.
Tuffias fundou a TechLoft há apenas um ano. Mas a procura pela encubadora foi tão grande que, em apenas três meses, expandiu as instalações de um andar para dois. Hoje, em 500 metros quadrados, 50 empresários de 20 startups pagam uma taxa mensal para poder usufruir de infraestrutura e participar de encontros e palestras. O mais importante é estar em contato com empresários e potenciais parceiros.
— As pessoas se encontram em cafés, na praia, em festas, no meio da rua. Parece que estão de folga, mas estão o tempo todo networking, trocando ideias — diz o empresário Zeev Laderman, fundador da startup Newvem, especializada no conceito de computação em nuvem. — Há uma atmosfera de real compartilhamento de ideias e de riscos. É um ecossistema fenomenal.
Em novembro de 2011, a prefeitura criou uma startup pública: The Library, localizada dentro de uma antiga e esquecida biblioteca. Hoje, entre milhares de livros e revistas, a biblioteca abriga microempresários que, por uma taxa simbólica de U$ 50 por mês, têm à disposição um escritório completo, além de passe livre para palestras e encontros.
Um dos que aproveita o serviço da biblioteca é Itay Klein, de 34 anos, que busca financiamento para sua startup, a Vtago. Itay desenvolveu, com colegas da Universidade Hebraica de Jerusalém, uma tecnologia que permite reconhecer pessoas em vídeos.
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