Meu post recente no blog Schumpeter da Economist comparou os méritos e deméritos relativos de São Paulo e Rio de Janeiro, da perspectiva de um empresário decidindo onde se estabelecer no Brasil. O Rio tem outra vantagem sobre São Paulo, e uma que pode ser decisiva no longo prazo: suas escolas. No ano passado visitei escolas em ambas as cidades, e as do Rio ganharam de disparada. Uma das razões é que algumas das escolas paulistas são administradas pelo estado e outras pelo município. As do Rio, ao contrário, são todas administradas pelo município, o que significa que uma boa ideia pode ser posta em prática em toda a rede ao mesmo tempo.
No Rio há apenas um currículo em todas as escolas e todos os professores agora testam seus alunos a cada dois meses para verificar se estão seguindo o ritmo. Claudia Costin, a secretária de educação municipal, também garantiu a cada professor uma semana de treinamento ao ano.
A inovação mais importante de Costin parece ser o pagamento atrelado ao desempenho. Se as escolas cumprirem as suas metas anuais – as quais levam em conta o desempenho passado, de modo a não ser injustas com professores com estudantes menos aplicados – um salário extra é dado aos professores. Em São Paulo, em contraste, o governador do estado cedeu à pressão dos sindicatos dos professores no início do ano e aboliu o pagamento atrelado ao desempenho nas escolas sob sua alçada.
Para se avaliar o quão importante é esse progresso é preciso saber quão ruim a educação no Brasil ainda é – apesar da melhora recente. Barbara Bruns, uma pesquisadora do Banco Mundial que vem acompanhando a educação no Brasil há muito, recentemente coescreveu um livro sobre o assunto intitulado “Alcançando uma educação de primeiro mundo no Brasil: a próxima agenda”. Vide “Box 3: ‘Cálculos básicos testados pelo Pisa”, à página 27. Esta apresenta uma questão de matemática “Nível 1” – significando uma que está presente num contexto familiar, é claramente definida, e só necessita o entendimento de um texto simples e a ligação entre a informação explicitamente expressa e um cálculo básico. Esta questão em particular foi usada nos testes Pisa em 2006. Oitenta porcento dos alunos de 15 países da OECD acertaram a questão. No Brasil, este número foi de apenas 11%.
Agora imagine que você é um empregador procurando fazer contratações no Brasil. Quase nove décimos das pessoas jovens não conseguirão responder a essa questão extremamente simples – e a geração que está saindo das escolas agora é a mais bem-educada da história. Então você vai perceber porque as empresas no Brasil rotineiramente consideram a contratação de trabalhadores qualificados como um de seus maiores problemas – e porque uma cidade que põe suas escolas no trilho certo está conquistando uma vantagem que não tem preço.
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