sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

AVANÇAMOS POUCO EM 5 ANOS



A China colocou mais alguns cavalos de vantagem sobre os demais países no quinquênio de 2008 a 2012.

Estamos começando o quinto ano da chamada Grande Recessão, iniciada com o estouro da bolha em 2008.

Os EUA ainda apresentam uma recuperação manufatureira fraca, sem retornar sequer aos níveis pré-crise.

Salvam-se pelo avanço do agronegócio, das suas indústrias "criativas" e de alta tecnologia, e dos serviços ligados à demanda do governo, pelo enorme déficit federal, inclusive das guerras externas.

Do outro lado do Atlântico, a Europa evitou uma queda livre pela vitalidade competitiva da indústria alemã, bem como de alguns setores de ponta nos países mais bem organizados da área, como Suécia, Finlândia, Noruega e Holanda, entre outros da parte setentrional rica da zona do euro.

Mas o melhor dos mundos para a Europa em 2012 ainda será evitar o colapso da sua economia regional. No caso do Japão, o resultado está longe de ser o pior, no time dos países estancados. Crescerá este ano.

As esperanças da demanda mundial em 2012 continuam voltadas para a Ásia, com a China no centro, e a Índia ocupando um espaço crescente nesse conjunto.

Os últimos cinco anos, incluindo 2012, farão enorme diferença a favor dos asiáticos, campeões de crescimento, dos quais estamos apenas tomando carona. 
É, para nós, o "bônus China", uma explosão de demanda e de preços pagos pelas commodities brasileiras, minerais e agrícolas, que coincidiu matematicamente com a era Lula, estendendo-se agora ao período Dilma.

O Brasil aproveitou parcialmente este bônus. Acelerou a inclusão social através do crédito consignado, das bolsas assistenciais e dos gastos correntes de governo.

Os dólares das commodities fecharam o buraco da dívida externa, possibilitando também ao brasileiro virar o consumidor mais cobiçado dos paraísos de consumo, em Miami, Nova York, Londres, Madri, e até na Ásia. Autos importados, o sonho de consumo dos brasileiros, saltaram à frente da produção local.

O resumo da "Grande Recessão", ao final deste ano, será o seguinte: em números redondos, a China terá avançado 60%; enquanto o conjunto da Ásia e India, cerca 50%; e os países de alta renda, apenas 3%, ou seja, a recessão foi para os ricos! Mas, e o Brasil, a América Latina? Estes ficarão a menos do meio caminho entre o extraordinário avanço dos asiáticos e a formidável recessão dos países ricos. 

O crescimento acumulado do Brasil, no quinquênio, não passará de 20%, se tanto, só um terço do avanço chinês e apenas em linha com a média mundial. A América Latina, idem. 

Não devemos morrer de amores por esse resultado. O Brasil perde muito, em termos relativos, ganhando espaço, exclusivamente, sobre quem está em crise aguda ou estagnado.

O show continua sendo comandado de fora do Brasil e da nossa região. Tivemos muita sorte com o episódio das commodities em alta, mas fizemos e fazemos vista grossa para os ganhos potenciais de produtividade alcançáveis caso fosse implantado no país um modelo econômico de fato racional e que capitalizasse a base da sociedade brasileira.

Por enquanto, só estamos endividando, e muito rápido, a base da nossa população. Não é o que deveria nos interessar a longo prazo.

Fonte: Brasil Econômico - Paulo Rabello de Castro , presidente do Conselho Estratégico da Fecomercio

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