quarta-feira, 9 de maio de 2012

SPREAD MENOR PODE RESTRINGIR OFERTA DE CRÉDITO,DIZ MAÍLSON DA NÓBREGA



A redução do spread bancário (diferença entre o custo do banco para captar um recurso e o quanto ele cobra para emprestar) deve gerar, segundo Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria, um efeito colateral negativo na oferta de crédito junto à população brasileira.

Isso porque para reduzi-lo os bancos, segundo ele, vão optar por operações com risco
menor, como as de crédito consignado (cujo pagamento é descontado na folha dos funcionários), por exemplo. "O spread bancário vai cair, mas como os bancos não vão se suicidar, para reduzi-lo eles vão optar por operações de menor risco", avaliou ele, em entrevista à Agência Estado, após participar do Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pagamento.
 
Com a restrição ao crédito por parte dos bancos privados, os consumidores com risco mais elevado devem migrar para os bancos públicos, elevando o nível de inadimplência dessas instituições, principalmente, pela falta de uma análise melhor das informações antes da concessão de crédito. "Uma instituição não tem essa estrutura para avaliar os clientes", disse Maílson da Nóbrega, sem especificar se era o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal. "Em muitos casos, o devedor sabe mais da sua situação que o próprio credor. Para os juros baixarem, o crédito tem de ser ofertado com mais segurança".
 
Para o ex-ministro da Fazenda, a elevação da inadimplência deve interferir no resultado do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal no futuro, gerando, inclusive, o prejuízo das mesmas, o que obrigaria o governo a socorrê-las no futuro. "O ataque aos bancos privados pelo governo é perigoso, ainda mais sendo apoiado pelos empresários. No momento em que o governo pedir para os empresários reduzirem os preços cobrados nos seus produtos por conta do aumento da inflação, estimulado pelo maior consumo, eles não vão admitir", analisou ele.
 
O ex-ministro da Fazenda também classificou como uma violência o fato de o governo forçar BB e Caixa a baixar os juros para pressionar os bancos privados, embora os mesmos não admitam publicamente seguir as orientações governamentais. "Caso seja comprovada, essa pressão por parte do governo pode ser admitida como abuso de poder por parte do acionista majoritário (no caso do Banco do Brasil que tem capital aberto) e cabe uma ação dos acionistas minoritários", lembrou ele. "O BB e a Caixa negam, mas a iniciativa deles de reduzir os juros pode ser configurada como seleção adversa"

Sobre a redução das taxas de administração cobradas pelos fundos de investimento, principalmente os ofertados ao varejo e com baixa aplicação inicial, ele disse que é um movimento natural, possibilitado pela maior concorrência entre as gestoras de recursos. "Os bancos vão reduzir as taxas cobradas com o aumento da concorrência e diante da atratividade da poupança. O ruim é isso acontecer por conta da pressão dos bancos públicos", reforçou ele.

Fonte: Agência Estado

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