Andrade continuou explicando que a década de 1990 foi marcada pela chegada de bancos internacionais ao nosso País, buscando o estímulo à disseminação do crédito. Atualmente, o crédito que mais tem sido contratado pelos consumidores Pessoa Física é o crédito pessoal, que movimenta em torno de R$ 3 bilhões e corresponde a 48% do mercado. Em segundo lugar vem o cartão de crédito, com 7%. Já as empresas têm contratado mais capital de giro (57%) e conta garantida (12%).
A pesquisa Pulso Brasil, realizada mensalmente pela Ipsos, com mil pessoas distribuídas em 70 cidades brasileiras de todos os portes, revelou no último mês de abril que o povo segue cada vez mais otimista quanto aos rumos que o País tem seguido. "Em nossas pesquisas avaliamos que a percepção sobre os rumos do Brasil é muito mais positiva hoje do que em qualquer período que tenhamos monitorado", comenta Paulo Cidade. Entre os países que compõe o G20, o que mais possui pessoas acreditando no país é a Arábia Saudita, com 89% de votos em “bom”. O Brasil aparece na metade da lista, com 54%, seguido da Argentina, com 51% e bem à frente dos Estados Unidos que consegue manter apenas 22% otimistas.
Compras parceladas
Em junho do ano passado, metade da população tinha compromisso com parcelamentos, segundo levantamento da Ipsos. Apenas 28% declararam ter ciência do valor pago pelos juros. Quando a lupa abre por classes sociais, a realidade é ainda mais contrastante: nas classes AB, 46% afirmam desconhecer os juros das compras que fazem e nas classes DE esse número chega a 87%.
Na hora de parcelar uma compra, 39% dos brasileiros levam em conta a taxa de juros. O mesmo percentual, no entanto, já acha mais relevante olhar para o valor da parcela. A diferença aparece, novamente, na abertura por classe social. Dos consumidores mais abastados (AB), 48% dizem considerar a taxa de juros o item mais relevante, enquanto nas classes DE 40% se atém ao valor das parcelas.
Do outro lado
Já a visão do Procon é que o consumidor é o maior prejudicado com a oferta massiva de crédito, quando deveria ser o contrário. Ainda mais quando essa oferta para Pessoa Física cresceu oito vezes, segundo informações da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Instituições financeiras estão se aproximando dos novos tomadores de crédito. Prova disso é que estão trocando as agências por lojas de varejo”, comenta Vera.
No entanto, a executiva alerta às instituições para que se preocupem com a forma com que as informações são passadas ao consumidor. “É necessário repensar as medidas de concessão de crédito. Fornecer mais informações antes e depois da contratação pelo consumidor. Muito se fala sobre informações aos credores, mas ninguém pensa no que se fala aos consumidores”, explica.
Vera classifica como escravidão financeira o comprometimento de mais de 70% da renda para pagamento de dívidas, e um dos grandes responsáveis por isso é o crédito consignado. 85% dessa modalidade de empréstimo é tomada por funcionários públicos e aposentados. “O endividamento não teria problema se não se tornasse superendividamento. Endividados todos nós somos!”, diz.
O consultor do Senac responsabiliza o bombardeio da mídia na classe C e em públicos vulneráveis pelo consumo desenfreado. “Você vê anúncios com casais de velhinhos felizes e embaixo está escrito ‘crédito consignado’. É contraditório isso”, afirma.
O Procon divulga constantemente ranking on-line com as empresas mais reclamadas e as maiores incidências. Da mesma forma, também tem ações que contribuem para a educação financeira e o crédito consciente. Vera cita como exemplo o projeto Tratamento de Superendividamento, que aconteceu no último ano.
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