sexta-feira, 19 de agosto de 2011

I CONATI-SOFTEX evidenciou a importância das alianças empresariais para o setor de software e serviços de TI




Com a proposta de sensibilizar os empresários do setor de software e serviços de TI sobre a importância das alianças empresariais a partir da apresentação de casos de sucesso, de dados de mercado, da troca de experiências e da realização de rodadas de negócios entre parceiros potenciais, a SOFTEX reuniu nos dias 16 e 17 de agosto, em São Paulo, empresários, consultores, representantes de agências oficiais e de entidades setoriais para a II edição do “CONATI – Congresso SOFTEX de Alianças Empresariais”.

A cerimônia de abertura contou com as presenças de Arnaldo Bacha de Almeida e José Antonio Antonioni, respectivamente vice-presidente executivo e diretor de qualidade e competitividade da SOFTEX; Rubén Delgado, vice-presidente da ASSESPRO Nacional; Gerson Schmitt, presidente da ABES; Márcio Girão, presidente da FENAINFO; e Antonio Gil, presidente da BRASSCOM.

“A partir do anúncio do Plano Brasil Maior, a indústria de software e serviços de TI está vivendo um momento muito importante. Vale destacar que isso não está ocorrendo por acaso e é resultado do trabalho intenso, consensual e unido que vem sendo desenvolvido pelas principais entidades do setor em suas articulações junto ao Governo Federal. E estamos unidos também na questão do fomento à realização de alianças empresariais para que possamos construir empresas com mais musculatura e maior capacidade de competitividade”, disse Arnaldo Bacha no discurso de abertura.

Ele lembrou também que o atual ritmo das demandas de mercado não reserva espaço para o crescimento orgânico e que o ritmo do processo de constituição de alianças entre as companhias deve se intensificar no País nos próximos anos.

Este cenário foi confirmado no primeiro painel do dia, liderado por Viktor Andrade, senior manager na Ernst & Young Terco. Segundo dados do mais recente relatório produzido pela companhia, o volume de fusões e aquisições realizadas no segundo trimestre de 2011 registrou um crescimento de 92% em relação ao trimestre anterior, tendo movimentado US$ 52,1 bilhões no período (frente aos US$ 27,1 bilhões registrados no primeiro trimestre).

“Há um grande apetite dos investidores junto ao setor de TI e, possivelmente, o volume de transações até o final deste ano deverá superar o de 2010. Existe uma crise financeira, mas há liquidez e é necessária a realização de investimentos. Neste cenário, há um fluxo natural para aporte em países emergentes e as empresas brasileiras, aumentando a sua robustez - pois o mercado de capitais exige que as companhias atinjam um certo valor crítico para serem consideradas atraentes - podem aproveitar esta oportunidade”, alertou Viktor Andrade.

Os dados apresentados por Luiz Motta, sócio de corporate finance da KPMG, reforçam que o Brasil está efetivamente na rota de investimentos mundiais. Entre os meses de janeiro e junho deste ano, foram realizadas 379 transações, 8% a mais do que no mesmo período de 2010 (351 operações).  “Nunca desenvolvemos tantos projetos em conjunto com colegas de nossa consultoria no exterior como nos últimos tempos e o setor de TI promete continuar como o mais aquecido”, comentou.

A programação do CONATI trouxe à tona um tema polêmico: a questão da desnacionalização do setor a partir da aquisição de companhias brasileiras por grupos internacionais. De acordo com relatório da KPMG, foram oito transações de capital majoritário estrangeiro adquirindo participação em empresas de capital majoritário brasileiro contra apenas três de capital brasileiro adquirindo companhias estrangeiras estabelecidas no exterior.

Na visão de Descartes de Souza Teixeira, diretor de Planejamento e Gestão da SOFTEX e palestrante do CONATI, o atual momento exige uma mudança de postura: “Nós brasileiros, empresas, sociedade e Governo, não podemos continuar sendo apenas expectadores deste processo e temos que nos globalizar como Nação”, ponderou. A receita, para o executivo, é o País aprender a ser comprador também. “Podemos e devemos inverter esse processo, adotando uma postura proativa, buscando associações entre empresas brasileiras que atuem em áreas similares, gerando uma sinergia entre elas e a musculatura necessária para não só enfrentarem a concorrência global como adquirirem empresas estrategicamente importantes nos principais mercados mundiais”, enfatizou Teixeira.

Três estudos de caso foram destacados no CONATI. Primeiro resultado concreto do Programa SOFTEX de Alianças Empresariais (PAEMP-SOFTEX), lançado oficialmente no ano passado, a gaúcha Teevo, especializada na oferta de soluções completas em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), detalhou os principais desafios que precisaram ser superados durante os seis meses do processo de fusão entre a ABYZ TI, Latin Tec, MI Informática e SK Tecnologia. e que resultou em seu lançamento.

“Esta consolidação permitiu a rápida incorporação de novas competências, aumento da capacidade de investimento, redução de custos, ampliação da escala comercial e maior proximidade com o cliente. As empresas aceleraram seu crescimento de forma notável”, ponderou Gelso Furlin, presidente da Teevo.

“Estamos em uma fase especial de cem dias onde todos os novos processos fundamentais estão sendo vividos na prática pelo corpo de colaboradores e ajustados no detalhe”, concluiu Furlin. A Teevo tem atualmente uma carteira integrada por mais de 4.000 clientes e atende 288 cidades em 16 estados.

Em sua apresentação, Eliezer Silveira Filho, marketing leader da Stefanini IT Solutions, compartilhou com os congressistas as mudanças “com tempero brasileiro” implementadas por esta organização que reúne 13.600 colaboradores em 28 países.

O crescimento orgânico que predominou na Stefanini até 2009 foi substituído por uma agressiva política de aquisições iniciada em 2010 e que possibilitou a companhia registrar o faturamento recorde de R$ 1 bilhão. “Nosso processo de internacionalizarão tem por objetivo nos transformar em um provedor de serviços de TI global, com centros de entregas alternativos, mitigação de risco e defesa contra competidores estrangeiros. Somos uma empresa brasileira global e que leva a cultura do nosso País para o exterior”, enumerou o executivo, acrescentado que está em estudo a abertura de capital da empresa, possivelmente em 2013.

Outra companhia que detalhou aos congressistas a sua bem-sucedida estratégia de crescimento por meio de fusões e aquisições foi a Movile, especializada em serviços móveis. “Sempre imaginei a companhia grande, global e estava certo de que o único caminho era o nosso crescimento rápido. Por isso estruturei um modelo de Governança baseado no Novo Mercado para atrair os investidores. Promovemos diversos processos de fusões e aquisições ao longo dos últimos anos que nos permitiram estar presentes atualmente em 10 países e atingir um faturamento 20 vezes maior do que há dez anos”, explicou seu diretor-presidente, Fabrício Bloisi.

Os movimentos de fusões, aquisições, joint-ventures e estruturação de consórcios demandam recursos financeiros e por isso o II CONATI reservou um painel exclusivamente para discutir as linhas de financiamento disponíveis para estes projetos reunindo Alan Fischler, chefe do departamento de TICs do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Sidney Chameh, presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), e Fernando Matt, diretor-presidente da Inova Venture Participações (IVP).

Fundada em janeiro e tendo por meta investir até R$ 2,5 milhões em startups de TI, a IVP anunciou que até o final do ano realizará pelo menos dois bons negócios. “Teremos participação minoritária, porém ativa. Nosso pipeline contempla muitos projetos interessantes no ecossistema de Campinas”, disse Matt.

A programação do segundo dia Congresso foi totalmente dedicada à realização de rodadas de negócios entre parceiros potenciais e sessões de consultoria especializada com os integrantes do PAEMP-SOFTEX sobre temas como avaliação de empresas e due dilligence, avaliação de produto, diagnóstico, planejamento estratégico e plano de integração, questões jurídicas e tributárias; e plano de negócios. Os participantes também puderam conhecer mais a fundo os programas desenvolvidos pela entidade na área de exportação (PSI-SW), financiamento (Prosoft) e qualidade de software (MPS.BR).

“Em um setor caracterizado majoritariamente por pequenas e médias empresas, para que elas possam garantir uma participação maior no mercado nacional e também no internacional é de fundamental importância o ganho de robustez e de competitividade. Por meio de processos de fusões e aquisições; joint-ventures ou consórcios, elas conseguem ampliar de forma rápida a sua base de clientes, incorporar novas tecnologias, ganhar market share, capacidade de investimentos e ainda otimizar processos e custos internos. O Programa PAEMP-SOFTEX oferece a estrutura necessária para estimular alianças corporativas e, assim como ocorreu com a Teevo, esperamos apresentar em breve muitos outros casos de sucesso por todo o País”, anunciou José Antonio Antonioni, diretor de qualidade e competitividade da SOFTEX no encerramento do II CONATI.

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